Estrutura e composição da vegetação e chuva de sementes em sub-bosque, clareiras naturais e area perturbada por fogo em floresta tropical no Sul da Bahia
AUTOR(ES)
Adriana Maria Zanforlin Martini
DATA DE PUBLICAÇÃO
2002
RESUMO
Entre os diversos fatores que podem afetar o processo de estabelecimento de plantas após diferentes tipos de perturbações em florestas tropicais, a composição local de espécies, a chegada de sementes e as características de luz podem desempenhar um importante papel. No presente estudo, foram amostradas todas as plantas vasculares abaixo de 5 metros de altura em 6 sub-parcelas de 1 m2 dentro de 6 clareiras naturais, 6 parcelas no sub-bosque adjacente às clareiras, 6 parcelas em uma área de floresta queimada e 6 parcelas no sub-bosque de uma mata próxima à área queimada. Em cada parcela, foi analisado o ambiente de luz utilizando-se fotografias hemisféricas. Durante um ano foi acompanhada a chuva de sementes, com coletores de 0,25 m2 instalados ao lado de cada subparcela. Em um total de 1228 indivíduos amostrados, foram encontradas 291 espécies, confirmando a altíssima riqueza de espécies na região sul da Bahia. A inclusão de todas as plantas vasculares neste estudo revelou que, para cada espécie arbórea amostrada, foram encontradas 2 espécies pertencentes a outros hábitos de crescimento, o que destaca a importância de considerar os hábitos não-arbóreos na caracterização florística de uma região. O ambiente sujeito a perturbação antrópica (Área Queimada) diferiu dos outros ambientes em termos de composição florística e estrutura da vegetação, apresentando uma grande proporção de espécies que ocorrem exclusivamente nesta área, forte dominância de espécies de crescimento rápido, menor proporção de indivíduos e espécies de hemiepífitas e maior abundância de indivíduos de trepadeiras e plantas escandentes. Na área queimada foi observado o maior número de sementes (2,25 sementes/m2/dia), porém o menor número de espécies na chuva de sementes, apresentando forte dominância de sementes das espécies Cecropia pachystachya e Miconia mírabilis. Somente na área queimada as espécies mais abundantes na chuva de sementes também ocorreram em abundância na vegetação estabelecida. As clareiras não diferiram das áreas de sub-bosque em termos de densidade de indivíduos, riqueza de espécies e composição de espécies, tanto para o conjunto de todos os hábitos de crescimento, como somente para as espécies arbóreas. Estes resultados sugerem que as plantas presentes em uma clareira estão fortemente relacionadas à composição local de espécies. As clareiras não diferiram dos demais ambientes (excluindo-se a área queimada) em relação à porcentagem de abertura no dossel, entretanto, quando outros índices de luminosidade foram analisados, as clareiras se diferenciaram das áreas de sub-bosque por apresentarem maior quantidade e maior concentração de luz. Em relação à chuva de sementes, apesar das duas áreas de sub-bosque apresentarem o maior número de espécies em comum, quando a abundância das sementes na chuva de sementes foi considerada, somente o sub-bosque da mata próxima à área queimada e as clareiras não foram significativamente diferentes. Os resultados apresentados neste estudo destacam a alta riqueza de espécies na região, a importância de avaliar todos os hábitos de crescimento, o importante papel da composição local de espécies no estabelecimento de plantas em perturbações naturais (clareiras), as grandes modificações estruturais e florísticas em uma área com perturbação antrópica (área queimada) e a forte relação entre a chuva de sementes e as plantas estabelecidas na área queimada
ASSUNTO(S)
mata atlantica ecologia vegetal comunidades vegetais
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000287609Documentos Relacionados
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