Estrutura e composição de um tendão sujeito a forças de compressão

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1993

RESUMO

O tendão do músculo plantaris longus de da rã-touro (Rana catesbeiana) está sujeito a forças de compressão, de torsão e de fricção, em adição às forças de tensão exercidas pelo músculo. Este trabalho visou caracterizar as adaptações estruturais e composicionais apresentadas por este tendão frente a este complexo sistema biomecânico. Estruturalmente duas regiões principais foram delimitadas, uma região de tensão, tipicamente fibrosa e tida como responsável pela transmissão das forças de tensão, e uma região de compressão, de aspecto cartilaginoso, que se desenvolve na área em que o tendão contorna a articulação tibio-fibular distal. A região de compressão distingue-se do aspecto fibrocartilaginoso descrito para tendões de mamíferos encontrados em situações semelhantes e apresenta feixes primários e fibras extremamente onduladas e/ou contorcidas, na superfície dos quais deposita-se um material basofílico caracterizado como proteoglicanos. Ultraestruturalmente estes feixes apresentam -se formados por fibrilas associadas em grupos independentes que à semelhança dos feixes que formam são também contorcidas e sem direcionamento predominante. Afixação em presença de vermelho de rutênio faz com que os proteoglicanos precipitem-se como grânulos interligados por filamentos que formam estruturas aneladas. Além destes componentes encontrados nos espaços interfibrilares, existem grânulos que são encontrados em associação com as fibrilas de colágeno e distribuídos de forma periódica de acordo com o perído d. A comparação dos tamanhos destes grânulos na região de compressão com aqueles observados na região de tensão demonstra que os primeiros são bem maiores que os últimos. Estudo morfométrico revelou que as fibrilas de colágeno da região de compressão apresentam diâmetros reduzidos e com distribuição de valores menos ampla que a região de tensão. As células da região de compressão podem ser distinguidas em três tipos, principalmente pelo conteúdo de filamentos intermediários que acumulam no citoplasma e no tipo de interação com componentes da matriz extracelular. Foi demonstrado que a região de compressão possui cerca de 7 vezes mais glicosaminoglicanos (quantificados pelo método do carbazol) que a região de tensão e que parte destes componentes estão associados na formação de grandes proteoglicanos, como revelado por filtração em gel de Sepharose CL-4B, eletroforese em gel de agarose-acrilamida e por ultracentrifugação em gradiente de cloreto de césio. Também os pequenos proteoglicanos foram identificados, sendo que o biglicam é encontrado na região de compressão e está virtualmente ausente da região de tensão, onde o decorim apresenta tamanho reduzido provavelmente por menor extensão do seu glicosaminoglicano. O menor tamanho do decorim é demonstrado também pela dimensão reduzida dos grânulos associados às fibrilas de colágeno que são revelados pelo vermelho de rutênio. Fibromodulim foi identificado nas duas regiões sem apresentar modificações estruturais evidentes entre elas. Foi demonstrado que o colágeno do tipo I é o principal componente das duas regiões do tendão, embora a presença de outros componentes de natureza colagênica tenha sido sugerida pela existência de fragmentos distintos obtidos por digestão com pepsina de material proveniente de cada região e por precipitação diferencial de colágenos, com conteúdo em aminoácidos diferente daquele apresentado pelo colágeno do tipo I. As análises efetuadas permitem concluir que este tendão possui grande capacidade de deformação, possibilitada pelo arranjo dos elementos fibrilares e pelo conteúdo em grandes proteoglicanos, além da esperada resistência à compressão, comuns a outros tendões sujeitos a forças de compressão

ASSUNTO(S)

tendões musculos microscopia eletronica de varredura

Documentos Relacionados