Anderson Marcos de Souza
2006As Florestas Estacionais Semideciduais ocorrem em grande parte do estado de Minas Gerais, sendo as formaÃÃes ciliares consideradas uma das suas principais fisionomias. Devido a sua atuaÃÃo como corredor ecolÃgico e banco de material genÃtico, essas formaÃÃes garantem a conservaÃÃo e a perpetuaÃÃo de muitas espÃcies. Como os ambientes ciliares possuem caracterÃsticas bem peculiares, hà o desenvolvimento de espÃcies exclusivas nestas Ãreas. Dentre estas, Calophyllum brasiliense Camb. se destaca devido a sua plasticidade ecolÃgica e preferÃncia em colonizar solos com alta saturaÃÃo hÃdrica, sendo considerada especialista em hÃbitat. Assim, a fim de se acessar e compreender os padrÃes da variabilidade genÃtica inter e intrapopulacional de C. brasiliense nestes ambientes, bem como sua distribuiÃÃo espacial e sistema reprodutivo, trÃs hÃbitats de ocorrÃncia desta espÃcie foram escolhidos: Mata Ciliar, Floresta Paludosa e Mata de Galeria. Em duas populaÃÃes foram escolhidas, sendo amostradas 60 Ãrvores em cada. Para a anÃlise do sistema reprodutivo, foram coletados frutos em dois hÃbitats (Mata Ciliar e Mata de Galeria). A partir da anÃlise de eletroforese de isoenzimas, os resultados obtidos mostraram alta heterozigosidade para a espÃcie, Ĥo variando de 0,355 a 0,468 nas Ãrvores adultas e de 0,441 a 0,493 nas progÃnies. Os dados da estrutura genÃtica indicaram a ocorrÃncia de endogamia dentro e para o conjunto das populaÃÃes amostradas na Mata Ciliar ( = 0,114; = 0,191) e Floresta Paludosa ( = 0,060; = 0,185). Em todas as populaÃÃes a maior parte da variabilidade genÃtica encontra-se distribuÃda dentro das populaÃÃes. O fluxo gÃnico ( ) foi baixo, demonstrando nÃo ser suficiente para contrapor os efeitos da deriva genÃtica. As estimativas de tamanho efetivo mostraram que, apenas nas populaÃÃes amostradas na Mata de Galeria, o valor do (130 indivÃduos) foi superior ao nÃmero de indivÃduos amostrados (n = 120). A estimativa do coeficiente de coancestria mostrou que as Ãrvores mais prÃximas apresentaram maior similaridade genÃtica. A distribuiÃÃo espacial de C. brasiliense nos trÃs hÃbitats mostrou-se altamente correlacionada com a alta umidade do solo e isto influenciando diretamente sua variabilidade genÃtica e fluxo gÃnico. A anÃlise de agrupamento nÃo permitiu detectar uma relaÃÃo entre hÃbitat de ocorrÃncia e identidade genÃtica e, tambÃm nÃo foi evidenciada correlaÃÃo entre distÃncia geogrÃfica e identidade genÃtica (rm = 0,063). A anÃlise das progÃnies indicou que a espÃcie à alÃgama ( = 0,996) nas populaÃÃes de Mata Ciliar e 0,974 na populaÃÃo da Mata de Galeria. O sistema reprodutivo indicou que nas populaÃÃes amostradas na Mata Ciliar, a maior parte das suas progÃnies sÃo originadas de cruzamentos biparentais ( = 54,8%). Jà na populaÃÃo amostrada em Mata de Galeria, grande parte de suas progÃnies sÃo originadas por cruzamentos aleatÃrios ( = 70,3%). Assim, independente do habitat, se faz necessÃrio a conservaÃÃo das populaÃÃes naturais de C. brasiliense, jà que, esta espÃcie demonstra certa fragilidade aos fatores que pÃem em risco a sua variabilidade genÃtica, como o grau de degradaÃÃo das suas populaÃÃes e a falta de conectividade entre elas.