Estudo comparativo da neurotoxicidade de venenos de Bothrops neuwiedi de diferentes procedencias e isolamento parcial de um componente neurotoxico do veneno mais ativo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1998

RESUMO

O objetivo desta pesquisa foi comparar a neurotoxicidade de dezesseis lotes de venenos de B. neuwiedi, sendo sete procedentes de São Paulo, oito do Rio Grande do Sul e um de Minas Gerais, visando verificar a existência de um lote de veneno mais ativo, do qual se isolaria parcialmente o componente neurotóxico. Para avaliar a atividade neurotóxica dos vários venenos estudados, foi realizado um screening , utiljzando-se a preparação biventer cervicis de pintainho sob estimulação elétrica indireta. Avaliou-se também o efeito do veneno mais ativo sobre o músculo de ave sob estimulação elétrica direta, bem como sobre a preparação nervo frênico-diafragma de camundongo submetida a estimulação direta e indireta. Nesses casos a preparação foi previamente curarizada. Os diversos lotes de veneno foram comparados também por meio de eletroforese (PAGE-básica). O lote que apresentou efeito neuromuscular mais acentuado foi fracionado por meio de cromatografia líquida. Realizou-se, em seguida, o ensaio das frações resultantes nas preparações neuromu..sculares de ave e camundongo. Os venenos de B. neuwiedi exibiram diferenças notáveis quanto a sua atividade bloqueadora neuromuscular e, de modo geral, os venenos procedentes do Estado de São Paulo e o de Minas Gerais mostraram-se mais ativos que as amostras oriundas do Rio Grande do Sul. Apesar da diversidade demonstrada (2 o que indicou sua miotoxicidade. Quatorze entre os dezesseis lotes preservaram a resposta contraturante à ACh em doses inferiores a 50 ~g/ml (10 e 20 ~g/ml), ainda que na eminência do bloqueio, indicando a integridade dos receptores nicotínicos pós-sinápticos. Os padrões eletroforéticos de 5 entre os 6 venenos mais ativos apresentaram uma banda de caráter básico que não estava presente nos demais venenos. O veneno mais potente também foi eficaz em inibir a resposta contrátil a estímulo elétrico direto e indireto do músculo de camundongo, bem como a contração a estímulo elétrico direto em músculo de ave. Seu efeito bloqueador foi significantemente diminuído a 24°C ou na ausência de cálcio; nessa condição, não houve inibição da resposta ao 1<. Sob estimulação indireta, a preparação de pintainho foi mais sensível à ação do veneno do que a de camundongo; na exposição à estimulação direta, observou-se o inverso. Após o fracionamento, a atividade neuromuscular foi recuperada nos picos 2 e 3 do perfil cromatográfico. Essas frações causaram bloqueio mais intenso do que o produzido pelo veneno bruto, com total manutenção da resposta ao agonista. Enquanto o pico 2 bloqueou totalmente a contratura à adição de 1<, o pico 3 causou somente uma inibição parcial da mesma, sugerindo que a miotoxicidade esteja mais concentrada no pico 2. Em temperatura ambiente (24°C), a atividade neuromuscular de ambas as frações ativas foi reduzida e seu efeito inibidor sobre a resposta ao ~ foi abolida. Os resultados apresentados corroboram as suposições de que o veneno de B. neuwiedi age preferencialmente em sítios pré-sinápticos, além de possuir atividade sobre a membrana muscular, e que essas ações estão relacionadas com sua atividade enzimática. Sugere-se ainda que essas ações podem variar de acordo com a procedência do veneno e que são devidas a componente( s) neurotóxico(s) e/ou miotóxico(s)

ASSUNTO(S)

junção neuromuscular toxicologia veneno cobra venenosa

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