Estudo comparativo do perfil respiratorio com dois modos de ventilação mecanica não invasiva em voluntarios sadios : pressão de suporte e pressão positiva continua nas vias aereas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

A ventilação mecânica não invasiva (VMNI) é utilizada como medida terapêutica para pacientes com insuficiência respiratória aguda e crônica, a fim de evitar a intubação traqueal e garantir um adequado suporte ventilatório. Dentre as modalidades de assistência ventilatória não invasiva, duas são de grande aplicabilidade: a pressão de suporte (PSV) e a pressão positiva contínua nas vias aéreas (CPAP). Ambas promovem melhora das trocas gasosas e redução do trabalho respiratório, porém em graus variáveis, de acordo com a fisiopatologia da insuficiência respiratória. Os trabalhos clínicos estão voltados, na sua maioria, para o tratamento do edema pulmonar cardiogênico e da doença pulmonar obstrutiva crônica, sendo que cada modalidade parece ter suas características particulares. Isso desperta o interesse para maiores investigações. Objetivo: Comparar o perfil respiratório de indivíduos sadios submetidos a duas modalidades de suporte não invasivo: CPAP e PSV com pressão positiva expiratória final (PEEP). Método: Esta pesquisa foi realizada em dois momentos diferentes, com a participação de 39 indivíduos voluntários, com idade média de 27 :t 5 anos e peso médio de 65,2 :t 15,05kg. No primeiro momento, todos foram monitorizados em respiração espontânea, através de um bocal, e adaptados ao aparelho de monitoração C02SMO - Dixtal. O perfil respiratório foi, então, registrado por 6min. Posteriormente, a modalidade PSV foi ajustada em 5cmH20 acima da PEEP (de igual valor) por 11 mino Também tiveram registrados seu perfil respiratório, freqüência cardíaca (FC) e pressão arterial (PA). Após sete dias, num segundo momento, os indivíduos retomaram e foram submetidos aos mesmos procedimentos, porém com a aplicação da CPAP de 7cmH20. As variáveis observadas no perfil respiratório incluíram os volumes pulmonares, freqüência respiratória (FR), picos de fluxo, tempos do ciclo respiratório, PEEPi, Sp02 e ETC02. Também foi avaliado o conforto e a preferência entre as modalidades. O ventilador utilizado foi da marca Dragêr, modelo SAVINA. Resultados: A comparação do perfil respiratório em respiração espontânea dos dois momentos não mostrou diferenças estatisticamente significativas em nenhuma das variáveis. As duas modalidades não invasivas propiciaram aumento significativo dos volumes minuto, minuto alveolar e corrente em relação à respiração espontânea. Entre as duas modalidades, o volume minuto foi maior na PSV (10,09 :!: 3,33L) do que na CPAP (9,06:!: 1,65L), com p = 0,03. Somel]te a PSV com PEEP propiciou aumento do volume de espaço morto em relação à respiração espontânea (128,92 :!: 24,26 para 147,69 :!: 34,58ml, p <0,0001), sendo significativo em comparação com a CPAP ( p = 0,002). A FR aumentou de 12,56 :!: 3,25 para 14,07 :!: 4,29rpm na PSV (p = 0,004), e diminuiu de 13,08 :!: 3,35 para 12,68 :!: 3,09rpm na CPAP (p=NS). Tanto os picos de fluxo inspiratório como expiratório aumentaram com a PSVe a CPAP, sendo o pico de fluxo inspiratório na PSV (50,57 :!: 12,39L1min) maior que na CPAP (46,23 :!: 10,31L1min), com p = 0,001. A Sp02 também aumentou com a PSVe CPAP em relação à respiração espontânea (p <0,0001), e o ETC02 foi menor na PSV (28,20 :!: 4,40mmHg) do que na CPAP (30,77 :!: 4,61 mmHg), com p = 0,004. Não foi observada a presença de PEEPi significativa, e a relação TifTtot foi menor na PSV (0,39 :!: 1,14) do que na CPAP (0,40 :!: 1,11), sendo p = 0,02. Entre as duas modalidades não encontramos alterações significativas na FC, PA, conforto e preferência. Conclusão: As duas modalidades, PSV e CPAP, mudaram o perfil respiratório comparado com a respiração espontânea em todos os voluntários. A PSV propiciou maior incremento no volume minuto e volume de espaço morto, sem aumento de PEEPi. O pico de fluxo inspiratório na PSV foi maior que na CPAP, pois a pressão inspiratória foi superior ao valor de CPAP empregado. E, a relação TifTtot foi menor na PSV devido ao aumento da FR. Não foram encontradas alterações significativas nas variáveis hemodinâmicas, no conforto e preferência entre as modalidades

ASSUNTO(S)

fisiologia respiração respiração artificial

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