Estudo da variabilidade genética do HIV-1 em amostras brasileiras de doadores de sangue visando a caracterização de um painel biológico: análise dos subtipos e da resistência aos anti-retrovirais / Study of the genetic variability of the HIV in Brazilian samples of blood givers aiming at the characterization of a biological panel: analysis of the subtypes and the resistance to the anti-retrovirais

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O estudo da infecção pelo HIV/aids compreende, entre outros, aspectos epidemiológicos, clínicos e genéticos. Com o objetivo de elaborar um painel biológico de amostras de plasma, com caracterização sorológica e molecular para o HIV-1, estudamos a variabilidade genética e a dinâmica dos subtipos virais e sua implicação no desenvolvimento de novos reagentes correlacionando tempo de infecção e aparecimento de resistência aos anti-retrovirais. Amostras de plasma de 74 doadores de sangue, virgens de tratamento, das regiões N, NE e SE do Brasil foram recebidas e analisadas por um teste rápido, dois EIE e um IFI para a confirmação da reatividade ao HIV-1. As amostras de doadores possibilitam, por seu volume, a obtenção de um painel biológico. A discriminação das amostras de plasma quanto à infecção recente ou de longo prazo foi feita por ensaio imunoenzimático para incidência de infecção por HIV-1. O RNA de todas as amostras foi extraído, retro-transcrito e usado em PCR em duas etapas (nested PCR) com iniciadores de síntese para as regiões env (gp120 e gp41), TR e PRO. Seguiu-se o seqüenciamento genômico das regiões env, TR e PRO para definição do subtipo genético e verificação da resistência aos anti-retrovirais pela ocorrência de mutações nas regiões da TR, PRO e env (gp41). As análises filogenéticas das regiões gp120, gp41, TR e PRO para definição dos subtipos virais foram realizadas com o programa Mega v. 3.0 após alinhamento segundo o programa Clustal X. Observou-se que 83,8% (62/74) das amostras estudadas corresponderam ao subtipo B e 2,7% (2/74) ao subtipo F. Mosaicos BF ocorreram em 11% (8/74) do total de amostras e diferentes perfis genéticos foram evidenciados para os subtipos B e F: BPRBTRBgp120Bgp41, FPRFRTFgp120Fgp41, FPRFTRBgp120Bgp41, FPRBTRBgp120Bgp41 e BPRBTRFgp120Bgp41. Apenas uma (1,4%) amostra foi caracterizada como mosaico BC (BPRCTR ?gp120Cgp41) e pela primeira vez, no País, foi observada a presença de um mosaico AGH (AGPRGTRHgp120Hgp41). Dezesseis das 74 amostras de plasma estudadas (21,6%) foram caracterizadas como de indivíduos soroconvertidos recentes. Com relação à ocorrência de resistência aos anti-retrovirais, observamos uma amostra (1,35%) com as mutações M41L e T215S, uma amostra (1,35%) apresentando a mutação T69N com perfil de resistência aos INTR e duas amostras (2,7%) com o polimorfismo V82I, conferindo resistência aos IP, além de oito amostras (12,9%), com padrão de resistência ao inibidor de fusão T20, descrita pela primeira vez entre indivíduos infectados pelo HIV-1, virgens de tratamento, no Brasil. Devido à predominância de amostras do subtipo B e ao pequeno número de genótipos não-B, não foi possível estabelecer correlações entre subtipos e mutações/polimorfismos, tampouco entre subtipos e tempo de infecção. A disponibilidade de amostras de plasmas subtipadas e de isolados do HIV-1 permitirá a elaboração de reagentes biológicos e materiais de referência para controle da qualidade, avaliação do desempenho de conjuntos de diagnóstico, desenvolvimento e validação de novos produtos, entre eles, o conjunto de Carga Viral HIV-1 Bio-Manguinhos. Assim, será possível aperfeiçoar e expandir o diagnóstico da infecção pelo HIV-1 ajustando os testes de modo a levar em consideração todos os variantes virais circulantes no País.

ASSUNTO(S)

hiv resistência viral a drogas anti-retrovirais anti-retroviral agents drug resistance, viral biologia molecular variação (genética) blood donors doadores de sangue variation (genetics) hiv

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