Estudo de imidas naftálicas e derivados como ferramentas para a pesquisa de dano oxidativo em Trypanosoma cruzi

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

A Doença de Chagas, uma doença de que aflige milhões de pessoas no mundo, em especial na América Latina, é causada pelo protozoário Trypanosoma cruzi. T. cruzi possui diversas cepas, as quais podem ser divididas em dois grupos principais: I e II. O grupo I está relacionado ao ciclo silvestre e o grupo II ao ciclo doméstico do parasita (envolvendo o homem). Cepas do grupo I apresentam maior resistência a dano oxidativo por substâncias como o peróxido de hidrogênio do que aquelas do grupo II. As imidas naftálicas são pequenas moléculas também capazes de gerar espécies reativas de oxigênio (ROS) porém somente quando estimuladas por uma radiação de comprimento de onda específico (340 nm). Assim, foi nosso objetivo testar o efeito de duas imidas naftálicas em algumas cepas de T. cruzi, representativas dos seus grupos I e II, de modo a avaliar o uso dessas substâncias como ferramentas alternativas para o estudo de lesões oxidativas nesse protozoário. Verificamos que as imidas testadas foram capazes de reduzir mais a sobrevivência das cepas sensíveis a dano oxidativo (grupo II) do que a das cepas resistentes (grupo I), de acordo com dados anteriores para o peróxido de hidrogênio. Verificamos ainda que mesmo em condições onde não houvesse radiação adequada à ativação das imidas elas causavam uma redução da sobrevivência das cepas testadas. Sabendo que T. cruzi possui bioluminescência, medimos essa emissão e constatamos que ela ocorre acima de 300 nm, podendo assim ser responsável pela ativação das imidas em altas concentrações. Em baixas concentrações elas só podem ser ativadas por lâmpadas de potência adequada (de 300 a 400 W). Utilizamos também uma seqüência peptídica vetora de sete resíduos de arginina sabidamente capaz de carrear moléculas a elas ligadas covalentemente para dentro de diversos tipos celulares. Infelizmente, os resultados foram inconclusivos. Como o produto do gene MSH2 está relacionado ao reparo de dano oxidativo no DNA em vários organismos, incluindo T. cruzi, testamos uma cepa nocauteada para aquele gene frente às imidas. Sua sobrevivência foi menor em relação à cepa selvagem, indicando a lesão do DNA do parasita. Como ROS podem modificar o nucleotídeo guanina em 8-oxo-7,8-dihidroguanina (8oxoG), testamos as imidas em uma cepa mutante superexpressando a DNA polimerase kappa, sabidamente capaz de passar por cima de tais modificações. Sua sobrevivência foi maior do que a cepa selvagem, indicando que as imidas estavam modificando guanina em 8oxoG. Concluindo, acreditamos que em baixas concentrações (40 M) as imidas podem ser usadas como ferramentas no estudo de dano oxidativo no DNA de Trypanosoma cruzi.

ASSUNTO(S)

bioquímica teses. tripanosssoma cruzi teses.

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