Estudo de sobrevida dos pacientes de AIDS segundo escolaridade, co-infecção por hepatite C e tuberculose : coorte brasileira 1995-1996

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

A epidemia de Aids teve um crescimento explosivo, com elevada mortalidade e reduzida sobrevida até 1995-1996. Após a terapia Tripla em 96, a mortalidade se reduziu e a sobrevida elevou-se sensivelmente. Estes avanços substanciais têm se mantidos, porém com o aumento da longevidade, coinfecções como a Hepatite B e C emergiram, assim como a disseminação da doença para as populações pauperizadas, agregaram a estes novos eventos o efeito das más condições de vida e de morbidades como a Tb. Este estudo analisa o efeito das desigualdades sociais, da co-infecção HIV/HCV e HIV/Tb na sobrevida dos afetados e seus preditores de risco, procurando identificar se estes elementos constituem-se em fator de limitação aos efeitos da terapia Tripla. Método: Estudo de coorte prospectivo não concorrente, de uma amostra de 2821 pacientes de Aids de 1995-1996, agrupados em quatro regiões do país. Participaram 18 cidades com representatividade de capitais e cidades do interior. Critérios de inclusão: ter 13 anos ou mais, ser residente do município, ter sido diagnosticado em 1995-96, ter informação da UF e data de nascimento. Coletaram-se informações sócio-demográficas, epidemiológicas, clínicas, uso de TARV e profilaxias primárias para PPC e Tb. Resultados: A1- A maioria dos afetados tinha baixa escolaridade, eram homens, e houve maior transmissão heterossexual. Nos de menor escolaridade, houve maior proporção de mulheres, de pacientes com menos de 25 anos, de UDI e Hetero. Os mais pobres tiveram maior número de sinais e sintomas e menor de IO, apesar da Tb ser mais freqüente entre estes os quais tiveram menor acesso a TARV (RR=2,73). A sobrevida dos menos escolarizados foi menor em todas variáveis estudadas, exceto segundo tipos de TARV. Permaneceu na análise de Cox, a diferença entre os extremos de escolaridade, o critério de diagnóstico, o número de sintomas, ano de diagnóstico e a TARV. A2- 29,5% de 2821 doentes fizeram anti-HCV, sendo os UDI e os de menor escolaridade mais investigados. Nos 833 testados, a prevalência da coinfecção foi 33,4%, com RP de 1,54 nos homens, 2,76 para os de menor escolaridade e 8,55 para os UDI. Febre, anemia e astenia mostraram-se associadas a coinfecção assim como a neurotoxoplasmose. A sobrevida na univariada foi menor nos homens, nos com idade de 25-34 anos e nos com CD4>= 200células/ml. A sobrevida na multivariada não foi diferente entre coinfectados ou não coinfectados. A3- A prevalência de HIV/Tb foi de 25,9%. Foram mais afetados homens (76,3%), UDI (33,8%), os de baixa escolaridade (32,6%) e os de 25 a 34 anos (28,9%). Sinais/sintomas típicos da Tb foram mais freqüentes nos HIV/Mt, destacando-se a febre (RP=1,49). Os coinfectados foram mais diagnosticados por sinais/sintomas e receberam menos terapia Tripla (1,35). A sobrevida foi menor no sexo feminino, nos de menos idade, nos UDI e naqueles que não receberam a terapia Tripla. Na análise multivariada a Tb não permaneceu no modelo, identificando-se como fatores de risco número de sinais/sintomas/IO, a ocorrência concomitante de neurotoxo, criptococose e PPC, sendo o não uso de terapia Tripla o preditor de maior expressão. Conclusão: A reduzida sobrevivência nos de menor escolaridade evidencia que mesmo com o acesso universal persiste a exclusão. A epidemia entre os mais escolarizados, ainda é predominantemente ?gay?, enquanto que nos de menor escolaridade há predomínio em UDI e elevado número de mulheres. A coinfecção HIV/HCV mostrou-se freqüente, constituindo-se uma ameaça à sobrevivência dos co-infectados, apesar do HCV possivelmente não acelerar por si a evolução da Aids. A variável associada a redução da sobrevida dos HIV/HCV foi a exclusão ao acesso a terapia Tripla. A co-infecção HIV/Tb, também foi elevada sendo a maioria dos afetados novamente os UDI e aqueles com baixa escolaridade. Em todas as análises, o fator que se revelou como o grande modificador das chances de sobrevivência foi inequivocamente o uso da terapia Tripla

ASSUNTO(S)

tuberculose

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