Estudo dos mecanismos envolvidos no efeito protetor da testosterona sobre o desenvolvimento da dor da ATM em ratos / Mechanisms underlying testosterone protective effect on temporomandibular joint nociception development in rats

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

As disfunções temporomandibulares são mais prevalentes em mulheres que em homens, sendo o papel dos hormônios sexuais um dos fatores apontados como causa dessa diferença. Nesse contexto, a testosterona apresenta um efeito protetor ao diminuir o risco de ratos desenvolverem dor na articulação temporomandibular (ATM), já que a injeção de 0,5% de formalina na ATM não é capaz de induzir nocicepção em machos intactos, mas induz em machos gonadectomizados (Gx) e fêmeas. O objetivo deste trabalho foi investigar se o papel protetor da testosterona no desenvolvimento da dor da ATM em ratos: (a) depende da ação organizacional da testosterona durante o período de diferenciação sexual do sistema nervoso central; (b) é mediado diretamente pela ação andrógena ou pela ação do estrógeno sintetizado a partir da testosterona; (c) é mediado pela ativação do sistema opioide endógeno central; e (d) resulta de um menor risco de machos desenvolverem edema na ATM. A formalina foi utilizada como estímulo nociceptivo e inflamatório na ATM. Para testar se o efeito protetor da testosterona depende da sua ação organizacional no período de diferenciação sexual, ratos orquidectomizados com um dia de vida ou na fase adulta e fêmeas intactas receberam testosterona antes do teste da formalina na ATM. Para testar a ação direta da testosterona ou do estrógeno sintetizado a partir da testosterona, ratos machos receberam injeção subaracnoide, na região do núcleo sensorial trigeminal, de flutamide (antagonista de receptores androgênicos) ou de ICI 182 780 (antagonista de receptores estrogênicos), antes do teste da formalina na ATM. Para testar o envolvimento de um mecanismo neural central dependente da ativação do sistema opioide, ratos machos receberam injeção de naloxona (antagonista de receptores opioides), na região do núcleo sensorial trigeminal, antes do teste da formalina na ATM. Para verificar se a testosterona reduz o risco de desenvolvimento de edema na ATM, foi avaliado o extravasamento plasmático em ratos machos Gx ou sham Gx depois da injeção de formalina na ATM. A orquidectomia com um dia de vida ou na fase adulta, seguida de reposição hormonal antes do experimento comportamental, não afetou o comportamento nociceptivo dos ratos. A administração de testosterona em fêmeas intactas diminuiu o comportamento nociceptivo induzido pela injeção de formalina na ATM. Em machos sham Gx, a administração subaracnoide de flutamide (120 µg) ou de naloxona (15 µg) aumentou o comportamento nociceptivo induzido pela injeção de formalina na ATM. Já a administração subaracnoide de ICI 182 780 não alterou o comportamento nociceptivo de ratos sham Gx. O extravasamento plasmático na região da ATM foi similar em machos sham Gx e em machos Gx que receberam injeção de formalina na ATM. Dessa forma, podemos concluir que o efeito protetor da testosterona no desenvolvimento da dor da ATM em ratos: (a) depende do efeito ativacional da testosterona, que medeia um mecanismo neural central dependente da ativação de receptores andrógenos e da liberação de peptídeos opioides e (b) não se deve a uma redução do risco de desenvolvimento de edema na região da ATM de ratos machos.

ASSUNTO(S)

articulação temporomandibular dor edema temporomandibular joint pain edema

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