"Estudo funcional do colágeno tipo XVIII" / Functional study of the type XVIII collagen

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

A síndrome de Knobloch (SK) é uma doença autossômica recessiva rara, caracterizada por problemas oculares e presença de encefalocele occipital, porém o quadro clínico é variável. Os pacientes apresentam principalmente miopia de grau elevado, degeneração vítreo-retiniana e descolamento de retina; o grau de comprometimento da alteração no occipital também é variável. Nossos estudos mostraram que a SK é causada por mutações no gene COL18A1, que codifica o colágeno tipo XVIII. Esse colágeno, uma proteoglicana da matriz extracelular, tem sido estudado principalmente por liberar a endostatina, um fragmento de 20 kDa clivado proteoliticamente de sua porção C-terminal e que possui atividade inibidora da angiogênese. O colágeno XVIII possui três isoformas conhecidas, as quais diferem entre si apenas na porção N-terminal e apresentam padrões de expressão distintos nos tecidos, mesmo estando ubiquamente presentes nas membranas basais epiteliais e endoteliais. Além da endostatina, o colágeno XVIII apresenta outros motivos com funções ainda desconhecidas: um domínio trombospondina, presente em todas as isoformas e um domínio frizzled, encontrado apenas na forma mais longa da proteína. O espectro de variação clinica na SK ainda é incerto, assim como os mecanismos moleculares que levam ao fenótipo. Nosso trabalho teve como objetivos principais a identificação de mutações no COL18A1 em um número maior de famílias com a SK, estabelecimento de novos protocolos que possam auxiliar no diagnóstico clínico e a avaliação do efeito funcional de variações encontradas na endostatina, domínio de maior conservação do colágeno XVIII. Propusemo-nos ainda a identificar proteínas que interagem com o domínio trombospondina. Apresentamos aqui a caracterização de sete novas mutações no colágeno XVIII em pacientes com SK, permitindo assim uma melhor determinação do espectro de variação fenotípica da SK. Com base na identificação dessas mutações pudemos incluir problemas neurológicos nos possíveis sinais clínicos presentes na SK ao apresentar pela primeira vez alterações de migração neuronal em pacientes com a síndrome. A ausência de mutações detectadas em três famílias sugere ainda a existência de heterogeneidade genética na SK. Também propomos neste trabalho a utilização da imunohistoquímica em biópsias de pele como teste diagnóstico para essa doença. Nossos resultados mostram também que a variação A48T da endostatina leva a alterações em sua interação com proteínas da matriz extracelular, enquanto a variação polimórfica D104N, previamente associada ao desenvolvimento de câncer de próstata, não leva a um efeito sobre a interação com as proteínas testadas. E, por último, o método de duplo híbrido não foi eficaz para a identificação de proteínas que possam interagir com o domínio trombospondina do colágeno XVIII.

ASSUNTO(S)

endostatin endostatina síndrome de knobloch knobloch syndrome type xviii collagen colágeno tipo xviii col18a1 col18a1

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