Nina Magalhães Loguercio
2011A presente dissertação descreve o processo de investigação sobre a vivência de experiências estéticas e as relações com a fotografia estabelecidas no cotidiano de alunos Educação de Jovens e Adultos de uma escola municipal localizada na periferia de Porto Alegre. A mobilização para a realização da pesquisa surgiu a partir da constatação da ausência de interesse e de disponibilidade para o aprendizado evidenciada pelos alunos dessa modalidade de ensino, sobretudo aqueles mais jovens, nas aulas de Artes Visuais e, por vezes, em todas as áreas do conhecimento. Foram formuladas, então, as seguintes questões: como se configuram as experiências estéticas que os alunos da EJA vivenciam em seus cotidianos? Que relações estabelecem com as imagens fotográficas que apreciam e produzem? A partir das quais se pretendia pensar nas possibilidades de entrelaçamento entre fotografia e experiência estética e nas eventuais contribuições advindas desse entrelaçamento para a aproximação dos alunos com o ensino da arte. A coleta dos dados foi realizada através de uma série de encontros com um grupo de alunos das séries finais dessa modalidade, conduzidos à maneira de grupo focal e, em ocasiões, a partir de foto-elicitação. Os dados obtidos, consistindo de um conjunto de transcrições de entrevistas e de um grupo de imagens selecionadas e comentadas em seu decorrer, foram analisados qualitativamente, através de análise textual discursiva, e discutidos a partir de referencial teórico relativo aos temas tratados. Foram tratadas como possíveis experiências estéticas aquelas situações vivenciadas pelos alunos que de algum modo oferecem-se como contraponto às reações e vivências habituais. Considerou-se, portanto, a noção de que experiências estéticas significativas podem ser vividas fora do âmbito artístico, ainda que esse constitua seu campo por excelência. A fotografia foi reconhecida enquanto uma prática que se estabelece no contexto de vida dos alunos de modo fortemente determinado por convenções sociais, mas que, ao mesmo tempo, apesar de regida por inúmeras regras tácitas, pode contribuir devido à sua inerente complexidade, para o acontecimento de experiências estéticas. O ensino da arte foi abordado a partir da necessidade de buscar-se uma aproximação com imagens e contextos da vida dos alunos sem, contudo, descuidar-se da promoção de experiências estéticas como uma das tarefas fundamentais desse ensino. Reconheceu-se, ainda, a contribuição de alguns artistas contemporâneos que trabalham com a fotografia para o estabelecimento dessas conexões. Por fim, pensamos no ensino da arte que reconhece e procura explorar seu importante papel enquanto contribuição para a formação de subjetividades oferecendo uma ampliação de repertórios artísticos e estéticos e, por conseguinte, auxiliando no estabelecimento de novas possibilidades de compreensão de si, do outro, da arte, do mundo.