Fatores que afetam a recuperação de celulas de Escherichia coli 0157:H7 termicamente injuriadas

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Um método popular de se prolongar a vida-de-prateleira de alimentos minimamente processados é através da utilização de tratamentos térmicos brandos e embalagem com atmosfera modificada (com baixas concentrações de oxigênio). Tradicionalmente, a eficácia dos tratamentos térmicos aplicados a estes alimentos é medida através da contagem em aerobiose das células injuriadas pelo calor. Contudo, no caso da bactéria Escheríchia coli 0157:H7, obtém-se uma melhor recuperação das células subletalmente injuriadas quando se utiliza técnicas estritamente anaeróbias. Estudou-se o efeito do tratamento térmico brando em células de E. Coli 0157H7 e as condições de recuperação da sua sensibilidade ao oxigênio em meio de cultura e em meio a base de alimentos. Células de E. Coli 0157:H7 em fase estacionária de crescimento, cultivadas em meio triptona de soja acrescido de 0,3% de extrato de levedura e 1% de glicose (TSYGB) a 30°C durante 24 horas, e submetidas a tratamento térmico a 59°C durante 5 minutos sob condições anaeróbias, recuperaram sua habilidade de crescer em presença de oxigênio em 6 horas. Similarmente, quando as células foram submetidas a tratamento térmico e mantidas em presença de 20% de oxigênio, estas apresentaram maior sensibilidade ao oxigênio, necessitando de um período maior de tempo para se recuperar do que as células mantidas em condições de anaerobiose (9 horas comparado a 6 horas). Células de E. coli 0157:H7 foram submetidas a tratamentos térmicos de letalidade equivalente a 55, 59 e 61 °C. Após tratamento térmico a 55°C por 100 minutos, as células necessitaram de mais de 20 horas para recuperar sua tolerância ao oxigênio, comparativamente a 6 e 2 horas para as células tratadas termicamente a 59°C por 5 minutos e a 61 °C por 1 minuto, respectivamente. Isto indica, que as células deste microrganismo recuperam sua sensibilidade ao oxigênio mais rapidamente após tratamentos térmicos mais curtos com temperaturas mais altas. Células de E. coli 0157:H7 submetidas a tratamento térmico a 59°C durante 5 minutos e incubadas a 10, 20 e 30°C, recuperaram sua tolerância ao oxigênio após aproximadamente 130, 50 e 6 horas, respectivamente. Contudo, quando mantidas a 5°C, estas células não recuperaram sua tolerância, sobrevivendo no mesmo nível durante o período de observação de 34 dias. A inclusão de 50% de dióxido de carbono ao meio de contagem, não apresentou efeito na recuperação das células sensíveis ao oxigênio, porém o aumento da concentração de oxigênio afetou a recuperação das células injuriadas. O choque térmico a 42°C durante 5 minutos, seguido de tratamento térmico a 59°C durante 5 minutos não influenciou a resistência térmica ou o reparo celular de E. coli 0157:H7. Entretanto, células deste microrganismo submetidas a choque térmico a 45°C durante 5 minutos, apresentaram um aumento em sua resistência térmica de cerca de 10 vezes, tanto em condições aeróbias como anaeróbias, não afetando porém, sua sensibilidade ao oxigênio. E. coli 0157:H7 foi inoculada em tubos contendo meios a base de alimentos, preparados em condições aeróbias e anaeróbias. Estes foram submetidos a tratamentos térmicos e incubados a 30°C. Foi verificada uma grande diferença na resistência térmica das células nos diferentes alimentos testados. Os valores Dsg-c nos tubos preparados em anaerobiose foram, para carne bovina 5,3 minutos, cogumelo 4 minutos, frango 3,7 minutos e de apenas 1,9 minutos para leite. Os valores D nos meios preparados em aerobiose foram similares aos obtidos no meio anaeróbio. Isto ocorreu porque os meios preparados em condições aeróbias apresentam potenciais de óxido-redução reduzidos, similares aos meios preparados em anaerobiose. Não se detectou crescimento de E. coli 0157:H7 em meios preparados a base de batata, brócolis e cenoura.

ASSUNTO(S)

bacteriologia - alimentos escherichia coli reação de oxido-redução

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