Fatores que interferem na evolução motora e psicossocial do paciente vitima de traumatismo craniencefalico grave : uma avaliação da escala de coma de Glasgow e da escala de resultados de Glasgow

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

Introdução. O traumatismo craniencefálico (TCE) tem aumentado na população civil numa relação direta com o desenvolvimento tecnológico, especialmente devido à grande circulação de veículos automotores, e, mais recentemente, devido ao aumento da violência nos grandes centros urbanos. Atinge principalmente a população jovem, na fase mais produtiva da vida, gerando seqüelas físicas, econômicas e psicossociais de grandes proporções. A escala de resultados de Glasgow (ERG) é utilizada mundialmente para acompanhar a evolução desses pacientes. Objetivos. Avaliar se a gravidade da lesão, estimada pela escala de coma de Glasgow (ECG) na entrada, e se a ERG na alta hospitalar (ERGALTA) podem ser utilizadas como índices prognósticos e quais são os principais fatores que interferem na evolução final a longo prazo (t ³ 1 ano) após TCE grave (ECG £ 8). Metodologia. Esta pesquisa foi realizada junto ao HC-UNICAMP, em duas fases: a primeira foi retrospectiva, com coleta de dados de prontuários relativos ao período de internação hospitalar dos pacientes; a segunda foi prospectiva, onde os pacientes foram submetidos a uma avaliação neurológica clínica e fisioterápica após um tempo ³ 1 ano do TCE para verificar suas evoluções. A ERG foi aplicada em dois momentos: na alta hospitalar (ERGALTA) e após um tempo ³ 1 ano de evolução (ERGTARDIA). Resultados. Foram incluídos na análise 45 pacientes vítimas de TCE grave (36M, 9F), com idade média de 24,6 ± 10,4 anos. A causa mais freqüente do TCE foi o acidente automobilístico (46,7%). A pontuação da ERGALTA foi: 2 = 2 (4,4%); 3 = 27 (60%); 4 = 15 (33,3%) e 5 = 1 (2,2%). A pontuação da ERG tardia foi: 1 = 5 (11,1%); 2 = 1 (2,2%); 3 = 7 (15,6%); 4 = 9 (20%) e 5 = 23 (51,1%). As seguintes variáveis mostraram-se estatisticamente significativas como índices prognósticos de longo prazo: ERGALTA (p = 0,03), a necessidade de neurocirurgia (p = 0,008) e o tipo de lesão (difusa vs focal; p = 0,009). Nas associações isoladas, a presença de pneumonia e a idade mais avançada mostraram-se também fatores de pior prognóstico (p <0,05). Outros achados importantes foram: alterações de comportamento (97,7% dos casos) e queda da produtividade profissional prévia em 35% (p = 0,001). A fisioterapia mostrou-se como uma parte importante da reabilitação dos pacientes, relatada em 67% dos casos, porém não esteve associada ao prognóstico dos mesmos, mas apenas ao seus graus de dependência segundo a ERGTARDIA (p = 0,007). Conclusões. Nestes pacientes com TCE grave (ECG £ 8), a ECG de entrada não se mostrou útil como índice prognóstico a longo prazo, mas a ERGALTA sim. Os principais fatores que estiveram associados a uma pior evolução tardia (ERGTARDIA) dos pacientes após o TCE foram: o tipo de lesão (difusa vs focal), a presença de pneumonia, a necessidade de neurocirurgia e a idade mais avançada dos pacientes

ASSUNTO(S)

cirurgia - complicações e sequelas escala de coma de glasgow

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