Functional and genic modulation of serum lipids and lipoproteins of carotid atherosclerosis in hyperalphalipoproteinemia / Modulação funcional e genica de lipides e lipoproteinas plasmaticos e da aterosclerose carotidea na hiperalfalipoproteinemia

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Está bem estabelecida na literatura especializada a associação inversa entre as concentrações plasmáticas de colesterol das lipoproteínas de alta densidade (HDL-C) e a incidência de doença arterial coronariana (DAC). Além de propriedades anti-oxidante, anti-inflamatória e anti-trombótica, a HDL participa do transporte reverso de colesterol, via pela qual o colesterol é captado das lipoproteínas e das membranas células periféricas e transportado ao fígado para sua excreção na forma livre ou de ácidos biliares. A lipase hepática (LH) possui função crucial no transporte reverso do colesterol, por sua atividade lipolítica e pela função de ligante à lipoproteínas facilitando sua captação tissular. A proteína de transferência de ésteres de colesterol (CETP), e mesma importância metabólica, promove a troca de ésteres de colesterol por triglicérides entre a HDL e as lipoproteínas ricas em triglicérides. Mutações nos genes que codificam estas proteínas têm sido muito estudadas para se compreender a função destas no metabolismo lipídico. O modelo experimental da hiperalfalipoproteinemia tem sido utilizado no decorrer dos últimos anos com o intuito de elucidar os mecanismos de ação da HDL e das proteínas reguladoras do seu metabolismo. A hiperalfalipoproteinemia é caracterizada pelo aumento das concentrações de HDL-C e é causada principalmente por deficiências genética de CETP e/ou LH. Os objetivos desta dissertação foram o de se estabelecer à modulação da hiperalfalipoproteinemia sobre os parâmetros antropométricos, bioquímicos, moleculares (–514C/T do gene da LH e I405V do gene da CETP) e radiológicos (espessura da camada íntima média de carótidas) em uma amostra populacional brasileira. O estudo foi conduzido em 291 voluntários de ambos os sexos, classificados como hiperalfalipoproteinemicos (Hiper-A), HDL-C ≥68mg/dL, ou controles, HDL-C<68 e ≥32 mg/dL, de acordo com o valor do percentil 90, obtido em um estudo prévio do Laboratório de Lípides a partir população normolipidêmica. Os polimorfismos LH-514C/T e CETP I405V foram identificados através de técnicas de reação em cadeia polimerase (PCR) e a espessura da camada íntima-média de carótidas (EIM) pela ultra-sonografia de alta resolução. Em um primeiro trabalho observou-se em um sub-grupo de 169 indivíduos, com a medida da EIM, que somente a idade foi correlacionada com a EIM na hiperalfalipoproteinemia, enquanto que em controles houve modulação positiva pela idade, sexo masculino, pressão arterial sistólica, e controversamente com relatos da literatura, com HDL-C. Apesar de Hiper-A possuir um perfil com maior número de fatores de risco cardiovasculares, a semelhança encontrada na EIM de carótidas, assim como, da freqüência de EIM maior que 1 mm poderia, em parte, ser explicada pela grande diferença de modulação entre os grupos apontando para um traço protetor contra a aterosclerose carotídea em hiperalfalipoproteinemia. A ateroproteção reduzida em controles, tanto em homens quanto em mulheres, está de acordo com a observada associação negativa neste grupo entre EIM e a CETP com possível presença de HDL com a composição química alterada (ricas em TG e pobres em ésteres de colesterol), e ocorreu possìvelmente no sub-grupo masculino, com perfil pró-aterogênico evidente. Em um segundo trabalho, no sub-grupo de 169 indivíduos, com a medida da EIM, foi avaliado o efeito do polimorfismo LH-514C/T sobre a espessura da camada íntima-média de carótidas na hiperalfalipoproteinemia. Não se observou nenhuma variação de EIM em ambos os grupos em função deste polimorfismo. Quando comparados os grupos, o genótipo CC do polimorfismo LH-514C/T mostrou apenas tendência a maior EIM de carótidas em hiperalfalipoproteinemia (p<0,09), mas a freqüência de EIM maior que 1 mm foi igual. Em um terceiro trabalho, em 282-291 indivíduos foram avaliadas as semelhanças de freqüências entre os polimorfismos LH-514C/T e CETP I405V na hiperalfalipoproteinemia e normolipidemia. Ambos apresentaram altas freqüências, similares entre grupos e entre o polimorfismo LH-514C/T, CC 39%, CT+TT 61%; e o polimorfismo CETP I405V: II 26%, IV+VV 74% e CTL: CC 40%, CT+TT 60%, II 43% e IV+VV 57%. Descrevemos o polimorfismo LH-514C/T na hiperalfalipoproteinemia os TT vs CC apresentaram cintura menor, concentrações mais baixas de colesterol plasmático (C), fosfolípides (FL), LDL-C, estimativa do tamanho da LDL (LDL-C/ApoB). O polimorfismo CETP I405V na hiperalfalipoproteinemia em VV vs II, mostrou alta pressão arterial sangüínea e menores concentrações plasmáticas de HDL2TG e HDL3TG. O genótipo IV teve maiores concentrações plasmáticas de ApoAI e pressão arterial diastólica quando comparado com o genótipo II. Em resumo esta dissertação aponta para efeitos ateroprotetores ou neutros da hiperalfalipoproteinemia em uma amostra de população brasileira sobre a aterosclerose carotídea, inclusive no polimorfismo LH -514C/T. Os polimorfismos LH-514C/T e CETP I405V foram muito semelhantes com relação aos lípides e lipoproteínas séricos, mas não às proteínas reguladoras, oferecendo modulação protetora na hiperalfalipoproteinemia.

ASSUNTO(S)

metabolism aterosclerose atherosclerosis lipoproteinas lipoproteins metabolismo

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