Hipersensibilidade e resistencia sistemica adquirida em feijoeiro moruna NC, induzidas pelo virus do mosaico do feijoeiro do sul dos EUA

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2000

RESUMO

As plantas podem ficar sistemicamente protegidas contra diversas moléstias através de uma inoculação prévia com patógenos causadores de necrose. Este fenômeno é conhecido como resistência sistêmica adquirida. O envolvimento de vários mecanismos na indução da resistência adquirida tem sido sugerido. Entre eles estão a resposta de hipersensibilidade, aumento na atividade da peroxidase, e o aumento no conteúdo de ácido salicílico nas folhas resistentes. Esta tese teve como objetivos caracterizar o fenômeno da resistência adquirida em plantas de feijoeiro Moruna nc inoculadas com o vírus VMFS-EUA, quanto à ocorrência da reação de hipersensibilidad e; efeito do número de lesões necróticas necessárias para a indução da resistência; efeito de condições ambientais (radiação e temperatura), duração do fenômeno e efeito da nodulação por Rhizobium tropici; avaliar os processos bioquímicos envolvidos na resistência adquirida, tais como peroxidação de lipídeos, atividade enzimáticas (catalase, peroxidase e fenilalanina amônia-liase) e o envolvimento do ácido salicílico; e estudar o efeito da aplicação de citocininas, ácido salicílico e benzotiadiazole sobre a resposta de hipersensibilidade e a expressão da resistência sistêmica adquirida. Para tanto, na maioria dos experimentos (exceção aos experimentos em que foi estudada a influência do número de lesões ocorridas na indução na expressão da resistência), o feijoeiro Moruna nc foi inoculado na folha primária com o vírus VMFS-EUA purificado, na concentração de 10 ~glmL. Geralmente a reação de hipersensibilidade ocorreu 72 horas após esta inoculação (inoculação de indução). A planta inoculada recebeu outra inoculação ( de desafio) com a mesma concentração de VMFS-EUA, na 23 folha trifoliolada. Quatro dias após esta última inoculação, foram realizados os ensaios enzimáticos e as outras determinações bioquímicas em ambas as folhas, induzi da e desafiada. Nos experimentos em que foi estudada a influência do número de lesões ocorridas na indução na expressão da resistência adquirida, verificou-se que o aumento na concentração viral de 1,7 para 20 JlglrnL durante a inoculação de indução resultou em menos lesões ocorridas no desafio, tanto nos experimentos realizados em casa de vegetação como em câmara de crescimento. As mudanças realizadas experimentalmente na radiação luminosa incidente não resultaram em alterações na expressão da resistência adquirida. No entanto, a aumento na temperatura de 20°C para 30°C causou uma redução no número e tamanho de lesões ocorridas no desafio. De um modo geral, a resistência adquirida teve duração de 13 a 22 dias após a indução da mesma. Não foi observado efeito da nodulação na expressão da resistência adquirida. Malondialdeído, um produto da peroxidação de lipídeos, esteve relacionado com a resposta de hipersensibilidade. Não foi observado aumento na atividade da enzima catalase em relação à ocorrência de resistência adquirida. A atividade da peroxidase aumentou de aproximadamente 3 para 15 unidades (expressas em Mbs4701min.g massa fresca) durante a expressão da resistência sistêmica adquirida. A enzima fenilalanina amônia-liase (P AL) também apresentou aumento de atividade nas plantas que estavam expressando resistência (uma média de 7 UA.2901h. g massa fresca x100. nas folhas não induzi das e 27 U.A.290/h.g massa fresca x 100 nas folhas com resistência adquirida). O conteúdo de ácido salicílico nasfolhas com resistência induzida aumentou mais de 30 vezes durante a ocorrência da resistência no feijoeiro Moruna nc. O tratamento de aplicação de citocinina permitiu maior replicação viral, monitorada pelo teste PT A-ELISA, tanto nas plantas de uma variedade que permite a invasão sistêmica (cultivar Jalo), como na variedade Moruna nc. Já as folhas tratadas com ácido salicílico apresentaram redução na replicação viral. A aplicação do ácido salicílico induziu resistência sistêmica a partir de doze horas após sua aplicação, evidenciada pela redução de 15lesõeslcm2 de folha, no controle, para 2 lesõeslcm2 de folha nas folhas tratadas. O benzotiadiazole (sob a forma do produto comercial BION), produto indutor de resistência análogo ao ácido salicílico, induziu resistência nos feijoeiros quando aplicado nas doses de 2,5 e 5 g/100L. Doses maiores do produto causaram sintomas de toxidez nas plantas. Peroxidase teve sua atividade aumentada nas plantas tratadas com o produto, mas a enzima P AL não apresentou tal comportamento. O produto conferiu resistência às plantas durante o período de nove dias. O trabalho permite concluir que o número e tamanho das lesões causadas pelo VMFS EUA na indução foram afetados pela temperatura, e foram fatores determinantes para a ocorrência da resistência adquirida. As enzimas peroxidase e P AL foram associadas aos processos bioquímicos que possibilitaram a ocorrência da resistência sistêmica. O ácido salicílico também esteve envolvido na expressão de resistência sistêmica adquirida em plantas de feijoeiro Moruna nc inoculadas com VMFS-EUA

ASSUNTO(S)

plantas - resistencia feijão comum

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