Igreja, conflito e poder no século IV d.C. : João Crisóstomo e o levante das estátuas em Antioquia
AUTOR(ES)
Érica Cristhyane Morais da Silva
FONTE
IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia
DATA DE PUBLICAÇÃO
25/04/2006
RESUMO
Em 387 d.C., em Antioquia, uma província importante do Império Romano, sob o reinado de Teodósio (379-395), ocorreu uma manifestação popular que ficou conhecida como o Levante das Estátuas. Esse conflito teve como motivo imediato a determinação de um novo imposto. Assim, quando do anúncio da medida, protestos oriundos dos membros da cúria de Antioquia iniciaram os acontecimentos que levaram à destruição das imagens do imperador e de sua família. No século IV, a destruição de imagens imperiais é um dos crimes de lesa-majestade de maior gravidade. Em razão disso, a cidade sofreu diversas punições. Das pessoas que foram responsabilizadas pelo ocorrido, algumas foram executadas e outras, presas. Teodósio ainda pretendia destruir a cidade, juntamente com a população, devido à ofensa cometida. No entanto, na resolução final do conflito, Teodósio perdoou a cidade, os que ainda estavam presos foram anistiados e restituídos a seus cargos e a cidade retornou a seu status anterior. Esse levante recebeu um destaque significativo na história do Baixo Império Romano. De fato, vários escritores da época escreveram sobre o conflito. Mas são os cinco discursos do retórico pagão Libânio sobre o assunto e, sobretudo, as vinte e uma homilias do presbítero João Crisóstomo que se tornaram as principais fontes documentais do acontecido, pela ênfase que dão ao conflito. Dessa forma, os estudos historiográficos que versam sobre o levante em Antioquia podem ser fundamentados pela primeira ou pela segunda fonte, senão por ambas. No entanto, observamos que o testemunho de Libânio é, consideravelmente, mais explorado pela historiografia que o testemunho de João Crisóstomo, apesar de este, em relação a Libânio, legar-nos uma documentação mais numerosa. Tendo isso em vista, o objetivo da presente dissertação é mostrar o ponto de vista de João Crisóstomo acerca do levante centrando atenção, por um lado, na maneira como João Crisóstomo concebe a destruição das estátuas e, por outro, como compreende a interferência cristã no conflito a partir das intercessões dele próprio junto à população, dos monges junto aos magistrados e do bispo Flaviano junto ao Imperador a fim de demonstrar que a interferência cristã influenciou de uma maneira particular a decisão imperial no que se refere à resolução final do conflito
ASSUNTO(S)
historia crisóstomo, joão, presbítero, 349-407 cristianismo igreja e estado cultura política roma - história - império, séc. iv d.c. i. silva, gilvan ventura da
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