Impacto da morte de crianças com câncer no ambiente hospitalar: vivência de mães de crianças companheiras de tratamento / The impact of death in children with cancer in hospital enverioment: experiences of fellow mothers during treatment

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Ao se deparar com o diagnóstico de câncer do filho, o mundo da mãe desmorona e o futuro se fecha numa perspectiva de morte. O cuidar de sua criança doente reveste-se de inquietações, inseguranças e impotência diante do sofrimento. E quando morre uma criança com câncer no hospital, mães de crianças companheiras de tratamento da que veio a falecer têm que lidar com a morte concreta de uma criança que, enquanto portador(a) de câncer, encontrava-se na mesma situação do seu filho. Essa pesquisa busca investigar as vivências de mães de crianças com câncer diante da repercussão da morte de uma criança, no hospital. A pesquisa que fundamenta este trabalho é qualitativa, de inspiração fenomenológica, baseada nas propostas de GIORGI (1985), MARTINS e BICUDO (1994), FORGHIERI (1991, 1993a) e VALLE (1997). O método fenomenológico apresenta-se à Psicologia como recurso para pesquisar a vivência do sujeito, entendida como a percepção que o ser humano tem de suas próprias experiências, atribuindo-lhes significado. Foram entrevistadas sete mães de crianças que terminaram o tratamento oncológico no máximo há nove meses, no Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina de Ribeirão Preto da Universidade de São Paulo. As entrevistas foram iniciadas a partir da questão norteadora: "Possivelmente, você já vivenciou, aqui no hospital, situações em que uma criança é curada de câncer, mas também há situações em que o tratamento não é bem sucedido e a criança acaba por morrer. Como é isto pra você?", que favoreceu as descrições do fenômeno investigado. Estas foram gravadas e transcritas para análise compreensiva dos discursos. A compreensão do significado do fenômeno estudado evidencia que a vivência das mães é permeada por significados atribuídos à morte de companheiros de tratamento do filho, o que gera frustração e sofrimento e as faz pensar na possibilidade de morte do próprio filho, bem como na situação de recidiva. O que as ajudou no enfrentamento da doença e do tratamento foi o apoio requisitado na fé religiosa e na competência da equipe médica. Vínculos afetivos se formam e se rompem entre as mães, ao dividirem o sofrimento advindo do tratamento, do qual relembram com bastante dor. No entanto, comemoram o estar fora de tratamento como uma etapa vencida na luta contra o câncer. A partir dos dados obtidos nas entrevistas e organizados em categorias temáticas, foi feita uma articulação das falas das mães com a abordagem fenomenológica em Psicologia a fim de construir uma compreensão acerca do fenômeno estudado.

ASSUNTO(S)

câncer infantil vivência de mães death infant cancer morte mothers experiences

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