Impactos do fogo no estrato de regeneração e no banco de sementes do solo em um trecho de Floresta Estacional Semidecidual / Impacts of fire in the stratum of regeneration and seed bank in soil in a stretch of Seasonal Forest Semideciduous

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2008

RESUMO

Para testar a hipótese de que o comportamento do fogo altera a composição florística e a densidade de indivíduos do banco de sementes do solo e do estrato de regeneração em um trecho de Floresta Estacional Semidecidual, o presente estudo foi realizado em um fragmento denominado Reserva da Biologia, pertencente à Universidade Federal de Viçosa, Minas Gerais, (2035-2850S e 4245-4300W) onde foram instaladas 10 parcelas de 5 x 5 m interdistantes em 1 m. Este estudo foi dividido em três capítulos. No primeiro, objetivou-se avaliar o comportamento do fogo usando as variáveis: intensidade do fogo, tempo de queima, material combustível, poder calorífico e calor liberado por área. Foi realizada uma queima controlada nas parcelas instaladas, utilizando a técnica do fogo a favor do vento, obedecendo o sentido do aclive. O tempo de duração da queima variou entre as parcelas de 330 a 918. A velocidade do vento, temperatura e umidade relativa do ar no dia da queima permaneceram constantes em todas as parcelas, apresentando valores de 3,5 m.s-1 Norte, 20 C e 79%, respectivamente. Os valores encontrados para as variáveis do comportamento do fogo variaram entre as parcelas de: 0,32 a 1,10 kg.m-2 para material combustível, 11,94 a 75,79 Kcal.s-1.m-1 para a intensidade de queima e 1111 a 3789 Kcal.m-2 para o calor liberado por área. Os valores médios para velocidade de propagação e poder calorífico foram 0,017 m.s-1 e 4411 Kcal.kg-1, respectivamente. As condições climáticas de Viçosa em 2005 foram atípicas em relação aos outros anos, não apresentando nenhum mês seco. Esta condição interferiu nos parâmetros do comportamento do fogo, fazendo com que a queima fosse classificada como de baixa intensidade. No segundo capítulo o objetivo foi caracterizar o banco de sementes antes e depois do fogo, para verificar os efeitos desse distúrbio na densidade das populações e na composição florística da comunidade vegetal. No centro de cada parcela foi coletada uma amostra de solo de 40 x 25 cm, a partir da superfície da serapilheira até 5 cm de profundidade. Um dia após a coleta das amostras de solos as parcelas foram submetidas à queima controlada. Imediatamente após a queima foram realizadas novas coletas de solo seguindo a mesma metodologia adotada anteriormente. Foram obtidas 528 e 429 plantas germinadas das amostras do banco de sementes do solo antes e após o fogo, respectivamente, pertencentes a 23 espécies de 14 famílias botânicas, sendo as mais representativas Melastomataceae, Asteraceae e Urticaceae. Não houve redução significativa da riqueza de espécies nem da densidade de indivíduos das populações entre as duas amostragens e a similaridade florística foi de 34%. Foram amostrados indivíduos herbáceos, arbustivos e arbóreos. Miconia cinnamomifolia e Leandra purpurascens foram as espécies mais freqüentes/abundantes. As espécies pioneiras se destacaram com 44 e 40% das espécies presentes na área antes e após o fogo, respectivamente. No terceiro capítulo caracterizou-se florística e estruturalmente o estrato de regeneração natural antes e após o fogo. O levantamento foi realizado no canto superior direito de cada parcela, com auxílio de um quadro de madeira de 1 x 1 m trançado com elástico em intervalos de 10 cm, formando uma rede para mapeamento dos indivíduos amostrados em dois períodos distintos; antes do tratamento com o fogo e dois anos após. Foram amostrados nos dois inventários 24 espécies pertencentes a 12 famílias. As famílias com maior riqueza específica foram: Rubiaceae (6), Fabaceae (4) e Myrtaceae (4). A similaridade florística foi de 35% e as espécies com maior valor de cobertura foram: Sorocea bomplandii, Psychothria sessilis, e Anadenanthera macrocarpa. Não houve redução significativa na densidade das espécies entre as amostragens, mas sim no índice de diversidade de Shannon. Os indivíduos amostrados eram de vegetação arbustiva e arbórea sendo a rebrota um mecanismo chave na regeneração deste fragmento.

ASSUNTO(S)

botanica fogo seed bank banco de sementes natural regeneration regeneração natural fire

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