Infecção pelo herpesvírus humano 6 (HHV-6) após transplante renal: aspectos clínicos e epidemiológicos e utilização de PCR como método diagnóstico. / Infection with human herpesvírus 6 after renal transplantation: clinical and epidemiological aspects and use of PCR assay as diagnostic method.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Objetivo: Avaliar aos aspectos clínicos e epidemiológicos da infecção pelo herpesvírus humano-6 (HHV-6) após transplante renal, avaliação da sua relação com a replicação do citomegalovírus (CMV), assim como a utilização da reação em cadeia por polimerase (PCR) nested e da PCR em tempo real como método diagnóstico de infecção ativa. Métodos: Trata-se de um estudo descritivo prospectivo, realizado no Hospital São Paulo e no Hospital do Rim e Hipertensão (afiliado a Universidade Federal de São Paulo), com acompanhamento de 30 receptores de transplante renal consecutivos. Foram coletadas sorologias para HHV- 6 dos doadores vivos e receptores pré-transplante e os pacientes foram monitorizados semanalmente nos primeiros dois meses e quinzenalmente por mais dois meses pós-transplante com realização de PCR nested e PCR em tempo real para HHV-6 em amostras de plasma e buffy coat (BC) e antigenemia para CMV. Resultados: A soroprevalência para HHV-6 nos doadores vivos foi 100% IgG positivo IgM negativo e nos receptores foi de 96,6% IgG positivo e 13,3% IgM positivo. A detecção de DNA viral em amostras de BC através da PCR foi mais frequente em relação às amostras de plasma: nos doadores vivos pré-transplante, respectivamente, 88,2% e 22,2% e nos receptores pós-transplante, respectivamente 96,6% e 70%, o que provavelmente está associada à detecção de DNA latente intracelular nas amostras de BC. Considerando infecção ativa como a detecção de DNA viral em amostras de plasma, a incidência de infecção foi de 70% quando utilizada PCR nested, entretanto foi observado que a maioria dos episódios de replicação viral foi pontual e que apenas 26% dos pacientes apresentaram replicação sustentada. Quando utilizado o ensaio de PCR em tempo real foi observado menor sensibilidade (36,6%) em relação a PCR nested, o que pode ser explicado pelo menor limite de detecção apresentado pelo ensaio em tempo real utilizado neste estudo. Na análise univariada a carga viral do HHV-6 >10.000 cópias mL/plasma no receptor pré-transplante foi fator de risco associado à reativação viral (p= 0,046) e também foi fator preditivo de replicação viral sustentada (p=0,034), assim como sorologia IgM positiva no receptor pré-transplante foi fator preditivo para replicação viral sustentada (p= 0,005). A média de tempo para detecção de DNA viral no plasma pós-transplante foi de 31 dias e 80% dos episódios de infecção xviii foram assintomáticos. A infecção pelo CMV foi mais frequente (52,3%) no grupo de pacientes que apresentou reativação do HHV-6 em comparação com o grupo que não apresentou (33%) e doença pelo CMV sintomática também foi mais frequente nos pacientes co-infectados (36%) em relação aos pacientes que apresentaram somente infecção pelo CMV (0%). Conclusões: A infecção pelo HHV-6 no transplante renal é comum e apresenta caráter benigno, as reativações no póstransplante são precoces e estão relacionadas com pouca repercussão clínica. O diagnóstico laboratorial desta infecção deve ser realizado em amostras de plasma consecutivas e não em amostras isoladas.

ASSUNTO(S)

herpesvírus humano transplante renal evolução clinica reação em cadeia da polimerase/métodos infecções por citomegalovírus microbiologia

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