Infecções hospitalares bacterianas em adultos receptores de transplante renal do Hospital das Clinicas - UNICAMP

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

OBJETIVOS: Determinar a incidência de infecções hospitalares em receptores adultos de transplante renal de acordo com a origem do enxerto e estudar os fatores de risco associados com a ocorrência de infecções urinárias e de ferida cirúrgica, na unidade de Nefrologia do Hospital das Clínicas- Unicamp. MÉTODOS: No período de janeiro de 2000 a dezembro de 2001 foi realizado um estudo prospectivo de coorte para determinação dos fatores de risco para aquisição de infecções hospitalares do trato urinário (ITU) e da ferida cirúrgica pós-transplante renal, onde foram comparados receptores com e sem infecção. Também foi realizado um estudo do perfil genômico das cepas de Enterobacter cloacae multidroga-resistentes, encontrados como agentes etiológicos de maior incidência em urina desta população. RESULTADOS: Foram estudados 163 receptores de rim durante a hospitalização, 98 (60,1%) do sexo masculino e 65 (39,9%) do feminino. Cento e dez (67,5%) dos receptores eram de enxertos de doadores cadáveres e 53 (32,5%) de doadores vivos relacionados. Infecção hospitalar de origem bacteriana ocorreu em 89 (54,6%) receptores, sendo 21 (39,6%) de doador vivo e 68 (61,8%) de doador cadáver (p=0,019). Vinte e nove (17,8%) receptores tiveram dois ou mais episódios de infecção durante a hospitalização. Foram diagnosticados 121 episódios de infecção hospitalar bacteriana, 82 (67,8%) ITU, 1 (0,8%) pielonefrite, 10 (8,3%) pneumonias, 18 (14,9%) da ferida cirúrgica, 7 (5,8%) primária da corrente sangüínea, 1 (0,8%) sangüínea relacionada ao cateter vascular central de curta permanência e 2 (1,6%) outras infecções. Na análise multivariada dos fatores de risco para infecção urinária a regressão logística demonstrou que a infecção urinária foi relacionada com a duração de uso de cateter vesical prévio à infecção (OR=1,5 [IC95%=1,1; 1,9]), tempo de internação antes da infecção (p=0,0002; OR=0,9 [IC95%=0,8; 0,9]), enxerto de doador cadáver (p=0,006; OR=6,6 [IC95%=2,2;19,5]) e troca do esquema imunossupressor de manutenção (p=0,0001; OR=17.0 [IC95%=4,0;71,5]). Na análise univariada dos fatores de risco para infecção cirúrgica a troca do tratamento de imunossupressão de manutenção e o cirurgião estiveram relacionados com a aquisição desta infecção. Seis diferentes perfis de DNA de Enterobacter cloacae multidroga-resistentes foram identificados em urina de 6 receptores renais e foi documentado um caso de contaminação cruzada. CONCLUSÕES: A ITU é a infecção hospitalar de maior incidência pós-transplante renal com significativa diferença entre receptores de doador vivo ou cadáver. A ocorrência de ITU nos primeiros dias após o transplante sugere que a manipulação do trato urinário durante a cirurgia pode ser causa de contaminação e infecção nesta população

ASSUNTO(S)

transplante de orgãos etc tecidos infecções urinarias

Documentos Relacionados