Spíndola, Fagner Diego, Lima, João Policarpo Rodrigues, Fernandes, Ana Cristina
2015O trabalho apresenta um panorama atual da inovação no setor sucroalcooleiro pernambucano, cujo objetivo foi melhor entender as interações das empresas com as universidades e institutos públicos de pesquisa que têm promovido alguma inovação no setor. Adicionalmente, testou-se a hipótese, através do estudo de caso, de que o segmento supracitado preservou traços de sua história que legaram uma postura de setor pouco inovativo e dependente de proteção governamental. Parte de pesquisa mais ampla, o presente trabalho resulta de estudo de caso em que foram entrevistados agentes envolvidos com a interação U-E em usinas de açúcar, na instituição patronal e em instituições de pesquisa em Pernambuco. O estudo permitiu verificar que a inovação nesse setor ocorre de forma distinta em cada um dos três diferentes segmentos em que está subdividido: agricultura, indústria e transporte e mecanização. Na área agrícola, as empresas introduzem inovações que, no entanto, são desenvolvidas por instituições públicas de pesquisa existentes no estado, como a Ridesa e o Cetene, para quem as usinas e os pequenos produtores transferem esforços em P&D. Na área industrial e na de transporte e mecanização, as inovações são introduzidas por intermédio do sindicato patronal e de empresas de consultoria técnica que as importam de outras regiões ou países, enquanto o desenvolvimento de novos produtos não foi observado na indústria sucroalcooleira pernambucana. O foco das usinas locais é o mercado externo de açúcar por possuírem uma vantagem comparativa logística e contarem internamente com grande concorrência de produtores do Centro-Sul. Essa exportação do açúcar tem sido feita a granel, levando a crer que os produtores têm passado adiante parte importante da agregação de valor ao produto, deixando os procedimentos mais específicos, como criação de produtos finais diferenciados, para o importador e, por isso, perdendo oportunidades de inovar em produtos. A oferta de mão de obra, historicamente abundante, parece tender a uma escassez futura, levando as usinas a se movimentarem mais recentemente em direção à mecanização da colheita da cana. O capital externo parece desinteressado no setor, tendo em vista a menor automação da colheita da cana no estado; por conseguinte, a dinâmica tecnológica não sofre mudanças mais significativas que poderiam advir da chegada de empresas multinacionais, em princípio mais afeitas a investimentos em P&D e à interação mais intensa com instituições de pesquisa.