Jogos espontâneo-criativos nos processos de desenvolvimento da comunicação, autonomia e integração: uma proposta de intervenção sistêmica para grupo multifamiliar em situação de risco

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este estudo objetiva descrever, sistematizar e refletir sobre um processo de intervenção sistêmica em um grupo multifamiliar em situação de risco, focalizando comunicação, autonomia e integração através da utilização de uma proposta de jogos espontâneo-criativos. Fundamentou-se na abordagem sistêmica, integrada a estudos sobre arte e criatividade, sobre o desenvolvimento humano integral, sobre o jogo, a comunicação, famílias e multifamílias, além de funções da família materna, paterna e de casal. Quanto ao processo metodológico, optou-se por pesquisa qualitativa, caracterizada como pesquisa-ação, tendo como participantes um grupo de cinco famílias com filhos internos, devido a ato infracional, em um Educandário grupo de referência. Após o processo sistêmico de preparação, em 2003, a proposta Jogos espontâneo-criativos nos processos de comunicação, autonomia e integração foi implementada na instituição, em 12 encontros quinzenais com a duração de duas horas. Quatro técnicos do Educandário apoiaram a pesquisadora. O grupo multifamiliar e a coordenação compartilharam a construção do processo em movimento de igualdade, de relação pessoa com pessoa. Três eixos teóricos norteador, histórico e dialógico constituíram as categorias prévias de análise: o eixo norteador enfatizou as funções da família vínculo, limite, movimento e confronto; o eixo histórico trabalhou competências e histórias das famílias; o eixo dialógico buscou decodificar as mensagens simbólicas contidas nos jogos as conversas subjetivas. Os encontros compreenderam: preparação com jogos da coordenação e jogos dos adolescentes; tempo de jogos das famílias; tempo de conversar; tempo de jogos-tema da coordenação e tempo de compartilhamento verbal. Entre os jogos-tema planejados destacaram-se: a família (jogo como vemos a família), a dinâmica das relações (jogo de dar, receber, pedir, tomar e rejeitar), a rede social pessoal (desenho adaptado), brincadeiras infantis, histórico das famílias (mapa histórico), limite e confronto agressividade simbólica (jogo das espadas, jogos dos sentimentos), imaginação e respiração (jogo das árvores e bichos). O grupo multifamiliar trouxe, entre outros, os seguintes temas em seus jogos e falas: sentimento de paralisação, de perdas, de exclusão da família, de vergonha, de salvador da família e de que é possível a circularidade de papéis. O processo grupal teve 196 participações, com média de 16 pessoas por encontro, incluindo a presença de duas a quatro gerações. As crianças totalizaram 42 participações. Para refletir sobre o impacto da proposta na instituição e no grupo multifamiliar, utilizaramse, como instrumentos, entrevistas com professores da instituição e com uma família. Os professores afirmaram que houve grande melhora no rendimento escolar dos adolescentes, que inclusive se tornaram facilitadores de aprendizagem dos outros alunos. Uma das famílias, um ano e meio após a intervenção, deu indícios de que o processo de integração e autonomia, apontado no estudo comparativo de dois momentos do jogo como vemos a família, estava continuando. A reflexão sobre o processo do grupo multifamiliar (amparada pelo estudo das entrevistas e pautada nos eixos teóricos norteador, histórico e dialógico) forneceu pistas de que a proposta tem possibilidade de facilitar o desenvolvimento multifamiliar nos processos de comunicação, autonomia e integração

ASSUNTO(S)

lingüística, letras e artes jogos ludoterapia psicoterapia familiar familia

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