JOINING A QUEUE... Telling a little about the everyday of the unemployed worker in the city of Sao Paulo. / Pegando fila: contando um pouco da cotidianidade do trabalhador desempregado na cidade de São Paulo

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

As filas de desemprego são hoje um fragmento comum à cidade de São Paulo, servindo enquanto indicadores de uma realidade contraditória entre a estrutura jurídica e a cultura política do Brasil, de sua perspectiva histórica relacionada ao mercado de trabalho e à forma de operacionalização das políticas públicas voltadas ao emprego, trabalho e geração de renda que ainda se mostram insipientes frente à alta demanda de trabalhadores desempregados de nosso país. A partir desse movimento, essa pesquisa corresponde a uma opção pelo cotidiano dos trabalhadores desempregados da cidade de São Paulo, trabalhando-se, em especial, as filas de desemprego da Força Sindical situadas nos bairros da Liberdade e do Largo Treze de Maio no bairro de Santo Amaro. Nessa perspectiva propomos amplificar as várias vozes presentes nestes espaços, buscando entender a partir dos sentidos ali presentes se as ações dos trabalhadores desempregados que freqüentam estas filas representam atos mobilizadores ou se são apenas paliativos. Para tanto, nos embasamos no referencial construcionista, enfocando a linguagem em ação, na concepção de apropriação de espaços apresentada por Milton Santos, na percepção sobre as relações em cidade proposta por Zygmunt Bauman e na discussão trazida por Michel de Certeau sobre o cotidiano. A partir do entrecruzamento de materialidades e sociabilidades surgidas nas conversas entre a pesquisadora e atores dos espaços das filas, estas são apresentadas e discutidas nesta narrativa partindo-se do pressuposto de que esse modo de organizar a espera nas cidades constitui um espaço comum de interações que permitem uma riqueza de construções sociais, aproximando estranhos que não apenas partilham lugares comuns, mas também uma cotidianidade densa e fluída de maneira a transformar estes espaços. As conversas relatadas na pesquisa nos levam a pensar o quanto toda a nossa cultura política, jurídica e econômica permeia as relações sociais levando a classe trabalhadora a curvar-se frente ao pouco que lhe tem sido ofertado, buscando freneticamente soluções individualizadas, sem delimitar exatamente o inimigo maior. Ainda assim, podemos discutir a importância destes espaços e das ações ali construídas enquanto uma possibilidade de agregação. Portanto, as filas enquanto espaços de pesquisa nos aproximam de um cotidiano permeado por todo nosso processo histórico, político e cultural, possibilitando uma discussão política a partir das rupturas entre o que é ditado constitucionalmente e o que é de fato vivido por nosso povo, trazendo novas perspectivas de se fazer pesquisa em Psicologia Social.

ASSUNTO(S)

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