Lampiões acesos : a Associação Folclorica e Comunitaria dos "Cangaceiros de Paulo Afonso" - BA e os processos de constituição da Memoria coletiva do cangaço (1956-1988)

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

o autor procura compreender os processos de constituição da memória coletiva do cangaço. Constata que existe em diferentes localidades do sertão nordestino um compromisso com a recuperação da memória de Virgulino Ferreira da Silva, o cangaceiro conhecido por Lampião. O foco da análise é um grupo folclórico denominado cangaceiros de Lampião, localizado na cidade de Paulo Afonso, sertão da Bahia. O autor inscreve a pesquisa em uma perspectiva polissêmica no sentido de desvendar a luta simbólica em tomo da memória do cangaço e de Lampião e os diferentes sentidos em jogo. Duas noções foram particularmente úteis: a de representação, significando os processos de construção espontânea das memórias individual e coletiva; e a noção de Lugares de memória como sendo os lugares em que uma sociedade registra voluntariamente as suas recordações ou as reencontra como uma parte necessária da sua personalidade. O trabalho inicia com uma análise sobre a o surgimento de alguns lugares de memória do cangaço e de memoriais de Lampião em Serra Talhada e Triunfo, no Estado de Pemambuco; Mossoró, Rio Grande do Norte; Poço Redondo, Sergipe e Piranhas, em Alagoas. Aqui se trata de um movimento mais geral de disputas da memória de Lampião. Em seguida analisa os cangaceiros de Paulo Afonso. O autor tenta apreender a sincronia do grupo a partir das memórias individuais e coletivas de alguns fundadores. Da mesma forma, descreve o modo como Lampião é representado nas práticas sociais do grupo. Nesta parte do trabalho foi importante a recuperação dos relatos de vida dos entrevistados, apoiados em fontes da tradição oral. O autor retoma a análise sobre os cangaceiros de Paulo Afonso, no terceiro capítulo, e discute o sentido das práticas sociais do grupo, bem como as imagens que os mesmos produzem sobre o cangaço, particularmente sobre Lampião Parte-se do pressuposto de que os cangaceiros de Paulo Afonso não constituem um fenômeno isolado, mas, ao contrário, participam um movimento mais geral de constituição de uma memória coletiva do cangaço. O autor conclui que o cangaço permanece vivo no campo da memória, nas vivências de pessoas comuns, atualizado nas disputas do presente em tomo de questões atuais. Nesse contexto, a imagem de Lampião aparece fihrada dos aspectos negativos.

ASSUNTO(S)

tradição oral cultura popular cangaço - historia memoria

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