LIMIAR TONAL DE AUDIBILIDADE DE TRANSPLANTADOS HEPÁTICOS EM USO DE DIFERENTES PROTOCOLOS DE IMUNOSSUPRESSÃO / PURE-TONE THRESHOLD OF AUDIBILITY OF LIVER TRANSPLANT PATIENTS USING DIFFERENT IMMUNOSUPPRESSION PROTOCOLS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

São muitos os problemas, já documentados na literatura científica, que podem decorrer da imunossupressão, tais como: infecções, complicações neurológicas, hipertensão arterial sistêmica, disfunção renal, diabete, doença óssea, obesidade, entre outros. Em relação à audição, há relatos na literatura científica internacional, que associam a alteração no limiar tonal de audibilidade aos imunossupressores. No uso da Csa há interação com a eritromicina e relato de um caso de perda auditiva associada com o FK506. O FK506 é um macrolídeo assim como a eritromicina cujos relatos a respeito de perda auditiva sensorioneural, são descritos na literatura há cerca de três décadas. A observação clínica de alterações grosseiras da audição, em pacientes submetidos ao transplante ortotópico de fígado (TOF), despertou o interesse por estudar a acuidade auditiva dos transplantados hepáticos (TxH), uma vez que, na literatura nacional, inexistem trabalhos relacionados à audição com esta população. O Objetivo desta pesquisa foi verificar os possíveis efeitos associados à audição em TxH e comparar possíveis alterações no limiar tonal de audibilidade (LTA) decorrentes do uso de ciclosporina (Csa) e do uso do tacrolimus (FK506). Os indivíduos foram avaliados por meio da audiometria tonal liminar para pesquisa dos limiares tonais de audibilidade (LTA) em 84 orelhas de 42 pacientes, antes e depois do TOF. Os pacientes foram divididos em dois grupos, ciclosporina (Csa n=18) e tacrolimus (FK n=24). A análise estatística foi realizada por meio da aplicação de Testes Não Paramétricos, e da utilização de critérios da audiologia ocupacional. Os resultados apontaram alteração no LTA estatisticamente significativa, em especial, nas freqüências altas, no TOF. Supõe-se que a Csa e o FK506 possam ter efeitos nocivos sobre a orelha interna desses pacientes. Outros resultados mostraram significativa alteração no LTA, entre a OD e OE, em freqüências altas, mais no Grupo FK. As análises realizadas, sob a ótica ocupacional, confirmaram os dados estatísticos, que apontaram uma tendência de alteração do LTA no Grupo FK. Concluiuse que: os pacientes transplantados hepáticos apresentam piora no LTA após o TOF; os que usam tacrolimus apresentam perdas mais acentuadas do que os da ciclosporina; a piora do LTA é mais acentuada nas freqüências altas; os que usam tacrolimus têm perda no LTA nas freqüências altas e baixas. Os efeitos de piora no LTA podem ser multifatoriais, pois esses pacientes apresentam muitas co-morbidades e, portanto, inúmeros tratamentos medicamentosos, expondo-se aos efeitos adversos ou reações colaterais das drogas utilizadas. Salienta-se, entretanto, que nesse estudo, os pacientes são testemunhos de si próprios, no pré e no pós TOF. Sugere-se mais pesquisas que possam separar as variáveis, no intuito de caracterizar essa população, para que se possa instituir aconselhamento fonoaudiológico.

ASSUNTO(S)

imunossupressão audiometria transplantados transplante de fígado fonoaudiologia

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