Maracatus and maracatuzeiros 1930 â 1945: deconstructing certainties, slamming afayas and making histories / Maracatu e maracatuzeiros: desconstruindo certezas, batendo afayas e fazendo histÃrias. Recife, 1930 â 1945

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este trabalho objetivou mostrar que muito de se afirma sobre os maracatuzeiros e os seus maracatus-naÃÃo nÃo se sustenta mediante uma pesquisa documental. IdÃias generalizantes, a exemplo de que estes maracatus constituem uma continuidade linear das coroaÃÃes dos reis do Congo, ou de que todo maracatuzeiro possui ligaÃÃes com o xangà nÃo sÃo possÃveis de serem mantidas diante da contemporaneidade que existiu entre os Reis do Congo no Recife, e das relaÃÃes explicitas mantidas por muitos maracatuzeiros do passado (assim como da contemporaneidade!) com outras religiÃes afro-descendentes, sobretudo o catimbà e a jurema sagrada. Outra questÃo importante discutida nesse trabalho foi mostrar que a incansÃvel perseguiÃÃo das origens dos maracatus, feita por praticamente todos os que escreveram sobre os maracatus, à fruto de uma teia confeccionada pelos primeiros intelectuais que pesquisaram sobre o assunto, a exemplo de Pereira da Costa e Nina Rodrigues. Ambos remeteram aos que lhes sucederam a um infindÃvel debate sobre as origens. Estes intelectuais pioneiros imprimiram uma poderosa marca nos trabalhos dos estudiosos posteriores, a exemplo do conceito de sobrevivÃncia totÃmica, pensado por Nina Rodrigues; e da representaÃÃo do maracatu como algo africano, melancÃlico, saudosista e irremediavelmente ligado ao passado, feito por Pereira da Costa. No primeiro capÃtulo estabeleci uma discussÃo mostrando como os autores caÃram nas malhas construÃdas por Nina Rodrigues e Pereira da Costa, e de como as interpretaÃÃes eram diversas em torno dos conceitos destes dois intelectuais. No segundo capÃtulo procurei mostrar que entre as coroaÃÃes dos reis do Congo e os maracatus existiu uma grande diversidade de manifestaÃÃes, aparentadas aos maracatus-naÃÃo e que estes eram fruto de vÃrias composiÃÃes, cisÃes e diÃlogos com o quotidiano, mostrando que os maracatuzeiros fazem e refazem os seus maracatus ao sabor das necessidades e adaptaÃÃes a realidade. TambÃm discorri sobre a historicidade do conceito criado por Guerra Peixe acerca da distinÃÃo entre os dois tipos de maracatu, mostrando que antes dele as fronteiras entre ambos nÃo estavam muito claras, e que haviam elementos de um e outro juntos. Os autores que sucederam Guerra Peixe tambÃm caÃram na armadilha, e pensaram na distinÃÃo dos maracatus (baque virado e orquestra) como algo que existia desde os tempos imemoriais. Essas questÃes discutidas nos capÃtulos anteriores foram confrontadas, no terceiro capÃtulo, com a histÃria de quatro maracatuzeiros: Adama, Maroca Gorda, Pedro AlcÃntara e CocÃ. Percorrer a vida dessas pessoas, ainda que de forma fragmentÃria, permitiu perceber ao mesmo tempo suas singularidades, algumas de suas escolhas, bem como os aspectos que propiciaram seu destaque como lÃderes em suas comunidades. Ao mesmo tempo, esta pesquisa permitiu reforÃar a quebra das generalizaÃÃes construÃdas em torno dos maracatuzeiros, a exemplo de sua filiaÃÃo exclusiva à religiÃo dos orixÃs, ou a predominÃncia de um modelo matriarcal/patriarcal enquanto forma de organizaÃÃo e lideranÃa. Por outro lado, as pessoas aqui abordadas fizeram suas escolhas em determinadas circunstÃncias, que tentei delinear para o leitor, os contextos e conjunturas que conformavam suas opÃÃes. Acredito que à no jogo dessas forÃas que se faz histÃria, em meio a alegrias e tristezas, perseguiÃÃes policiais, mas tambÃm com muita batucada e toada sendo cantadas pelas ruas

ASSUNTO(S)

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