Modelagem espacial da esquistossomose mansoni no estado de Minas Gerais, utilizando a conectividade de redes via estradas e rios / Spatial modeling of the schistosomiasis mansoni in Minas Gerais state, using the connectivity through roads and rivers

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Um dos graves problemas de saúde pública, que afetam milhões de pessoas em todo mundo, é a esquistossomose. No Brasil, a esquistossomose é causada pelo agente etiológico Schistosoma mansoni, cujos hospedeiros intermediários são moluscos do gênero Biomphalaria (B. straminea, B. glabrata ou B. tenagophila). O ciclo de vida da doença é bem definido e tem a água como meio utilizado pelo parasita para infectar o homem (hospedeiro definitivo). Este, através de suas fezes contaminadas, em contato com a água, infecta o caramujo do gênero Biomphalaria. Assim, o estudo da transmissão da esquistossomose se deve à combinação de características ambientais relacionadas ao homem e ao caramujo. Este trabalho explora dois aspectos sobre a predição da esquistossomose mansoni em Minas Gerais. O primeiro tem o propósito de relacionar as espécies de moluscos existentes no Estado de Minas Gerais, com a prevalência da esquistossomose mansoni e diagnosticar qual das espécies mais se relaciona com a prevalência da doença. Os resultados mostraram que a espécie de molusco que mais possui influência sobre a ocorrência de prevalência da doença é a B. glabrata. O segundo objetivo do trabalho é estimar a prevalência da esquistossomose no Estado de Minas Gerais, com o uso de dados que possuem informações de dependência espacial da doença, além de variáveis sócio-econômicas e ambientais, utilizando modelos de regressão. Para atender o segundo objetivo do trabalho, foram elaborados modelos a partir de regressão linear múltipla (RLM) e espacial (RE) para caracterizar a distribuição da esquitossomose. Os modelos produzidos a partir de RLM e RE, introduziram a dependência espacial, entretanto, através de métodos diferentes. Com o uso de modelos de RLM, foram inseridas variáveis que possuem a informação espacial. Já nos modelos gerados a partir de RE, foram excluídas essas variáveis com características espaciais, e incluído um parâmetro de dependência espacial na regressão. As variáveis conectividade via estradas e via rios, presente nos modelos de RLM, assim como as matrizes de vizinhança via estradas e via rios, usadas nos modelos de RE, refletiram bem a movimentação do homem e caramujo nos municípios vizinhos por meio de estradas e rios, respectivamente. Os resultados apontam que a conectividade via estradas e rios, por refletir a mobilidade dos hospedeiros do Schistosoma mansoni, é um fator importante para a modelagem e estimação da prevalência da esquistossomose. Variáveis que representam a vegetação, temperatura, precipitação, topografia, condições sanitárias e índices de desenvolvimento humano, se mostraram presentes nos modelos de RLM e RE, indicando as condições favoráveis para o desenvolvimento da doença. Com base nos resultados desta dissertação, as metodologias empregadas se mostraram eficazes para a modelagem e estimativa da prevalência da esquistossomose no Estado de Minas Gerais, e evidenciam a importância de se considerar a informação espacial através da conectividade via estradas e rios, a qual reflete a mobilidade dos hospedeiros do Schistosoma mansoni. O uso de RLM e RE apontaram resultados interessantes para a gestão da saúde e direcionamento de atividades, proporcionando mapas de risco que permitem uma melhor detecção de áreas de risco da doença. Os métodos utilizados podem ser expandidos a outros estudos com doenças vetoriais, onde essas possuem certa dependência espacial e cujos hospedeiros dependem de alguma rede de transporte para movimentação.

ASSUNTO(S)

esquistossomose mansoni geoprocessamento modelagem estatística análise espacial schistosomiasis mansoni remoto sensing geoprocessing statistical modelling spatial analysis sensoriamento remoto

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