Morfologia floral e expressão sexual em Valeriana scandens L. (Valerianaceae) / Floral morphology and sexual expression in Valeriana scandens L. (Valerianaceae)

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O gênero Valeriana possui espécies potencialmente medicinais. Valeriana scandens é a espécie do gênero com mais ampla distribuição no Neotrópico. A espécie apresenta polimorfismo floral e inexistem estudos detalhados sobre a morfologia dos seus tipos florais. Além disso, sua expressão sexual é controversa. Os objetivos do presente estudo foram descrever morfológica e funcionalmente os tipos florais de V. scandens e verificar a fenologia reprodutiva e a distribuição desses tipos nos indivíduos e na população estudada, para definir sua expressão sexual. Para tanto, foram realizadas análises de morfometria, histologia, aspectos de biologia floral e do sistema reprodutivo. Os estudos foram conduzidos em população natural na Estação de Pesquisa, Treinamento e Educação Ambiental Mata do Paraíso, em Viçosa, MG, Brasil, nos anos de 2004 e 2005. Além dessa população, foram analisados espécimes de outras localidades do Brasil, Argentina, México e Venezuela, por meio da análise de 49 exsicatas. A floração de V. scandens foi contínua para a espécie como um todo e anual para a população de Viçosa. A espécie apresentou três tipos florais: pistilada e dois tipos de flores perfeitas (P1 e P2). As pistiladas possuíam corola branca, de tamanho intermediário se comparado aos demais, lobos radiais na antese, anteras inclusas, reduzidas, estéreis, maior estilete, estigmas exsertos e saco embrionário do tipo Polygonum, estruturalmente normal. As P1 apresentaram menor corola, também branca com lobos radiais na antese, anteras de tamanho intermediário, subexsertas, férteis, com poucos grãos de pólen viáveis (4,63%1,26) e em menor número por flor (250,572,0), se comparado ao registrado em flores P2, e estilete também subexserto. As P2 possuem a maior corola, de cor creme e com lobos reflexos na antese, anteras exsertas, grandes e férteis, com grãos de pólen viáveis (94,50%3,23) e maior número por flor (448,5105,0), estilete incluso e saco embrionário do tipo Polygonum, estruturalmente, normal e semelhante ao das flores pistiladas. Todos os tipos florais apresentaram corola com uma giba, raro duas, e uma epiderme secretora na região ventral da giba (nectário). As flores perfeitas apresentaram protandria. Os três tipos florais formaram frutos com sementes viáveis. As flores P2 foram as mais numerosas, seguidas das pistiladas e P1. Provavelmente, as flores P2 atuam como doadoras de pólen. Entretanto, as flores P1 produziram o maior número de frutos, seguidas das P2 e pistiladas, indicando que atuam como receptoras de pólen. Os tipos florais encontravam-se distribuídos, na população, em morfos: femininos (15%), inflorescências com flores pistiladas; hermafroditas (52%), inflorescências com flores P1 ou com flores P2 ou, ainda, com flores P1 e P2; e ginomonóicos (33%), inflorescências com flores pistiladas e P1, ou com flores pistiladas e P2 ou com os três tipos florais. Portanto, a expressão sexual de V. scandens é ginomonóica-ginodióica, rara entre as angiospermas e inédita em Valerianaceae. Por morfo, a maior frutificação natural foi do hermafrodita com flores P1, seguido do hermafrodita com flores P1 e P2, ginomonóico, feminino e hermafrodita com flores P2. Flores pistiladas de morfos femininos, quando ensacadas na pré-antese, produziram frutos, revelando a presença de agamospermia, sem possibilidade de pseudogamia.

ASSUNTO(S)

morfologia vegetal sexual expression valeriana scandens expressão sexual valeriana scandens biologia reprodutiva reproductive biology

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