Artigos científicos, teses e dissertações
Publicados nas melhores instituições de ensino

O tempo chuvoso é a causa de resfriado em crianças?

Em um modelo de entendimento multicausal, o clima é entendido como um aspecto do desenvolvimento da saúde e das doenças, e nesse sentido a resposta é afirmativa. Mas, embora verdadeira, a afirmação não é suficiente para explicar a instalação dos resfriados ou sua prevalência. O resfriado comum (popularmente chamado de virose) é uma infecção, e somente se desenvolve com a transmissão e ação de vírus e com a incapacidade imunológica da pessoa em impedir essa ação para a cepa específica do vírus infectante. O resfriado comum pode ser mais prevalente nos meses de outono e inverno, independentemente da localização geográfica.

Tal prevalência pode ocorrer devido ao fato de pessoas permanecerem mais tempo em ambiente fechado no clima frio, inclusive com pessoas que já se encontram resfriadas. Além disso, um estudo realizado em 2017 mostrou que, em laboratório, as células imunes refrigeradas são menos eficazes no combate a vírus, podendo facilitar a infecção quando os mecanismos de compensação térmicos sociais ou orgânicos não forem suficientes.

Também devemos considerar que crianças que apresentam rinite alérgica e/ou asma podem ter suas mucosas irritadas pelo ambiente mais frio e seco e ter sintomas respiratórios desencadeados.

O resfriado comum é a doença mais comum no Brasil e, talvez, no mundo. Corresponde a um grupo de sintomas causados por vários vírus diferentes – dos quais o rinovírus é o tipo mais comum. Por causa do grande número de vírus, e de suas cepas, que atuam na geração do resfriado comum, as pessoas podem ter vários resfriados a cada ano e dezenas ao longo da vida.

As crianças com menos de seis anos têm em média seis a oito resfriados por ano (até um por mês, do outono à primavera), com sintomas que duram em média 14 dias. Crianças pequenas em creches parecem sofrer mais resfriados do que crianças que não frequentam a creche. No entanto, quando as crianças que frequentam creches entram na escola primária, elas pegam menos resfriados, presumivelmente porque já são imunes a um número maior de infecções virais.

Os resfriados são transmitidos de pessoa para pessoa suscetível, seja por contato direto ou por difusão ambiental, pois ele pode viver em superfícies por até um dia. Pessoas com resfriados geralmente carregam o vírus em suas mãos, onde ele é capaz de infectar outra pessoa por pelo menos duas horas. Se uma criança com um resfriado toca outra criança ou adulto, que então toca o olho, o nariz ou a boca, o vírus pode contaminar essa pessoa.

Quanto a profilaxia,  inclui a lavagem de mãos com água e sabão, uso de álcool gel para higienização, manter ambientes ventilados e evitar o contato com pessoas resfriadas.

Quanto ao tratamento, é importante tranquilizar a família sobre a característica autolimitada do resfriado e a não necessidade, e mesmo inefetividade, do uso de antibióticos e antivirais nesses casos.

Atributos da APS:

Acesso: O serviço de saúde deve garantir acesso às pessoas sofrendo de problemas comuns e menos graves, como resfriado, sem sobrepor sua atenção à das situações de maior ameaça à saúde, mediante uma oferta de cuidados inteligente e equilibrada.

SOF Relacionada:

Material complementar:

Telessaude ES. Vídeo de Webconferência : Principais problemas de saúde das crianças (Aprox. 110 min.). Palestrante: Francisco Luiz Zaganelli (Médico Pediatra HUCAM ); Karina Tonini (Debatedora) . Apresentado em 17 mar 2015. Disponível em:

Spinner S, Munger ML. Can being cold make you sick? [internet] 2018 Fev 27 [citado 2018 Set 20]. Disponível em:

Instituto Emílio Ribas ensina como diferenciar gripe de resfriado. Disponível em:

1. Pappas D.  Patient education: The common cold in children (Beyond the Basics). UpToDate [internet]. 2017 Mar 22, [citado em 2018 Abr 05]. Disponível em:

2. Boonarkart C, Suptawiwat O, Sakorn K, Puthavathana P, Auewarakul P. Exposure to cold impairs interferon-induced antiviral defense. Arch Virol. 2017 Aug;162(8):2231-2237. Disponível em:

3. Rubini NPM,  Wandalsen GF, Rizzo MCV, Aun MV, Chong Neto HJ, Solé D. Guia prático sobre controle ambiental para pacientes com rinite alérgica [internet]. Arq Asma Alerg Imunol 2017;1(1):7-22. Disponível em: