O video como processo de interação entre realizador e comunidade : uma experiencia no ABC paulista

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

1996

RESUMO

O surgimento do realizador no contexto das novas tecnologias nos anos 80 marca uma década de experiências alternativas com o vídeo, fora das TVs broadcast ao tempo que estas se desenvolviam e se sofisticavam tecnologicamente na América Latina. O vídeo como suporte eletrônico, particularmente o vídeo-tape portátil, chega ao Brasil de forma mais marcante por volta de 1978. Os modelos mais acessíveis eram de formato doméstico, como o VHS -Vídeo Home System, que permitia agilidade e fácil portabilidade. Essas experiências alternativas no Brasil polarizaram-se principalmente em tomo de dois grupos produtores: os independentes e os populares. Ambos contestavam a velhà ordem das comunicações. Esse ponto comum entre realizadores independentes e populares é o deflagrador de várias experiências que se materializaram em documentários que atestavam a preocupação social. Os independentes buscaram dar um tratamento mais cultural aos seus trabalhos e os populares um tratamento mais político, porém ambos visavam um espectador que não fosse passivo como aquele habituado ao sistema de rede. A experiência aqui analisada desenvolveu-se na região do ABC paulista num primeiro momento no CEPS - Centro de Estudos Políticos e Sociais, uma entidade civil em Santo André, Organização Não Governamental (ONG), que visava a produção de conhecimento junto a setores da população. No CEPS o vídeo era usado, principalmente, como registro pedagógico. O segundo momento desenvolveu-se numa instituição sindical também em Santo André, no Sindicato dos Trabalhadores Rodoviários, onde o vídeo era usado como registro/infonT1ativo. Paralelamente acontecia uma experimentação com "câmera aberta", gravando-se e exibindo-se simultaneamente a partir de um ônibus adaptado para este tlm, batizado de "Gabriela Eletrônica". O terceiro momento efetivou-se numa instituição pública, Prefeitura de Santo André, onde o vídeo era usado na produção de institucionais, e numa prática que se desenvolveu num carro utilitário. A"Perua Eletrônica", como foi chamada, visava experimentar uma programação de "TV de rua", que servisse de base para a criação de uma emissora de TV na localidade. Além disso, vários serviços de atendimento ao público foram criados pela coordenação de vídeo, ligada ao Departamento de Cultura (TVSA). Nas considerações finais coloca.se que nesta experiência de três momentos distintos entre sí, o vídeo foi tomado como um importante suporte de mediação entre o realizador e a comunidade local e, para isso, a prospecção de sua especificidade foi considerada prioridade. O vídeo foi se tornando mais eficiente, durante o desenrolar da experiência, na medida em que iam sendo consideradas as particularidades deste meio. No processo constatou-se também a incompatibilidade entre a ação com objetivo de instalar uma TV numa região e a etemeridade que cerca experiências de Tvs de rua. Portanto, uma Tv localizada ampliará consideravelmente suas chances de estruturação, se tiver em conta a especificidade do meio, numa investigação permanente do que seja em essência sua programação e como concebê.la a partir da interação com o público

ASSUNTO(S)

televisão em circuito fechado comunicação e cultura comunicação - aspectos sociais comunicação visual

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