Os nÃs que alforriam: relaÃÃes sociais na construÃÃo da liberdade, Recife, dÃcadas de 1840 e 1850

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2004

RESUMO

Este trabalho disserta sobre a liberdade de escravos atravÃs da alforria no Recife das dÃcadas de 1840 e 1850 e tem como objetivo investigar as relaÃÃes sociais em registros de cartas de liberdade e processos judiciais do Tribunal da RelaÃÃo de Pernambuco. Os proprietÃrios de escravos proferiam o discurso das cartas de alforria, atribuindo-lhes um sentido de doaÃÃo, como as OrdenaÃÃes Filipinas as tratavam, e minimizando a participaÃÃo cativa na liberdade legal. Nesta perspectiva, a alforria foi uma polÃtica de domÃnio senhorial no Brasil do sÃculo XIX. Entretanto, a prÃtica da alforria se mostrou mais complexa, nÃo resultando exclusivamente dos senhores. A manumissÃo do escravo mediante a indenizaÃÃo do seu valor foi um costume largamente praticado, mesmo nÃo havendo no Brasil atà 1871 uma lei (positiva) que o garantisse. E o contexto social relacionado a costumes à um lugar de tensÃo, onde os grupos e indivÃduos procuram acentuar suas vantagens. Para alÃm do formalismo dos registros de cartas de liberdade e do que queriam fazer pensar os donos de cativos, captamos um passado dinÃmico e complexo. Identificamos a heterogeneidade dos escravos alforriados e as relaÃÃes sociais verticais e horizontais entre mÃltiplos atores: senhores, cativos, muitas vezes familiares destes (escravos e forros) e indivÃduos livres. Assim, no cotidiano do Recife de meados do sÃculo XIX, as negociaÃÃes das alforrias constituÃram um territÃrio de conflito entre agentes diferentes, com interesses tambÃm diferentes. PorÃm, nÃo perdemos de vista que estas personagens ocupavam lugares sociais assimÃtricos e possuÃam poderes desiguais. Em alguns casos, a questÃo da alforria extrapolava as relaÃÃes privadas entre os atores supracitados, inscrevendo-se nas redes de poderes de ordens religiosas catÃlicas e da justiÃa. Neste Ãltimo caso, tivemos oportunidade de observar, mesmo que de uma forma particularizada, o peso de cartas de liberdade em brigas judiciais

ASSUNTO(S)

relaÃÃes sociais historia alforrias construÃÃo da liberdade

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