Osteologia de Brachycephalus (Anura: Brachycephalidae): desenvolvimento e diversidade morfológica das placas ósseas, região auditiva e sua importância para o monofiletismodo gênero

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

O surgimento de novidades morfológicas e o aumento de tamanho e de complexidade são eventos evolutivos raros. Por outro lado, a redução de tamanho e a perda de estruturas e de complexidade talvez sejam os eventos mais comuns no processo evolutivo. No gênero Brachycephalus, encontramos um mosaico dessas duas tendências: simplificação e novidades morfológicas. Na diagnose de todas as espécies deste gênero, menciona-se a presença e ausência de ossificações dérmicas. No entanto, nem todos os trabalhos de descrição usam métodos apropriados para a descrição de dados osteológicos. As placas ósseas associadas às vértebras e ao crânio de Brachycephalus ephippium foram classificadas como osteoderme. Contudo, o desenvolvimento ontogenético dessas estruturas não foi estudado. O recente trabalho de Frost et al. (2006), propões várias mudanças na taxonomia e sistemática na maioria das grandes famílias de anfíbios. De acordo com este trabalho, não existem caracteres morfológicos que suportem a monofiletismo do gênero Brachycephalus. Adicionalmente, este trabalho sugere a proximidade filogenética entre os gêneros Brachycephalus, Euparkerella e Adelophryne, baseada em padrões supostamente homólogos de redução e perda de falanges. Entretanto, essas hipóteses foram baseadas apenas em Brachycephalus ephippium, que por décadas foi a única espécie do gênero. Consequentemente, muito da diversidade osteológica do gênero Brachycephalus não foi considera nestes estudos prévios. Os objetivos desta dissertação foram: 1) a descrição da ontogenia das placas ósseas associadas ao crânio e vértebras de Brachycephalus ephippium; 2) a descrição da diversidade morfológica das placas ósseas entre espécies do gênero Brachycephalus e 3) avaliar a importância da osteologia do aparato auditivo de Brachycephalus para o monofiletismo do gênero. Adicionalmente, reavaliamos os dados da literatura sobre redução de falanges no grupo e as conseqüências taxonômicas envolvidas. Exemplares de Brachycephalus ephippium foram coletados em Atibaia, Cotia, Mogi das Cruzes e Itamonte. Incluímos também espécimes de B. brunneus, B. hermogenesi, B. nodoterga, B. pernix, B. cf. vertebralis, B. vertebralis, e duas espécies não descritas aqui referidas como Brachycephalus sp1 (de Nova Friburgo e Petrópolis) e B. sp2 (Faz. Capricórnio, Ubatuba). Os espécimes foram mortos por injeção de cloridrato de bupivicaína 0,2% e então submetidos às seguintes preparações: maceração e microscopia eletrônica de varredura; diafanização e coloração com alizarina e azul de alcian e microscopia de luz. Nossos resultados indicam que as placas ósseas de B. ephippium são estruturas independentes aqui classificadas como ossos ordinários e não como osteoderme. Existem três tipos de placas ósseas: 1) a placa parótica, localizada na porção postero-lateral do crânio; 2) as placas espinhais, fusionadas aos processos espinhais de todas as vértebras e 3) as placas para-vertebrais, associadas aos processos transversos das vértebras IV e V. O tipo de ossificação das placas ósseas é intermembranoso (também conhecido como ossificação dérmica). Entretanto, a formação das placas não ocorre no tegumento, como mencionado em trabalhos anteriores. Adicionalmente, encontramos evidências histológicas de que o pericôndrio das vértebras em crescimento contribui com células que formam a membrana perióstea das placas paravertebrais e espinhais. A possibilidade de participação de células da derme na formação do periósteo das placas ósseas não foi descartada. No entanto, estas estruturas não cabem no termo osteoderme, que até o momento, está definido de forma confusa, agrupando uma série de estruturas possivelmente não homólogas. Não existem precedentes na literatura de registro de estruturas semelhantes às placas paróticas. As placas associadas às vértebras, entretanto, estruturas possivelmente análogas são encontradas em outros gêneros como Dendrobates, Ceratophrys e Lepdobatrachus. Todavia, serão necessários estudos osteológi

ASSUNTO(S)

novidades morfológicas brachycephalus osteologia zoologia

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