Padrão de produção de óxido nítrico e citocinas pró e antiinflamatórias em pacientes com úlcera de pressão suplementados com ácido ascórbico.

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2007

RESUMO

Úlceras de pressão (UP), também denominadas escaras de decúbito, são lesões na pele e em tecidos subjacentes causadas pelo aumento da pressão sobre proeminências ósseas. Além do processo inflamatório local, as úlceras de pressão provocam uma resposta sistêmica no organismo, denominada resposta de fase aguda (RFA). A cicatrização normal das UP resulta do balanço das atividades exercidas por citocinas reguladoras produzidos pelas células do sistema imune, e alterações da razão Th1/Th2 (linfócitos pró ou antiinflamatórios) poderiam determinar se uma UP irá cicatrizar ou cronificar-se. A vitamina C promove cicatrização que decorre tanto de sua ação antioxidante como da promoção da síntese de colágeno, além de suposta modulação de interleucinas. No entanto, pacientes com UP e RFA apresentam depleção dos níveis séricos de vitamina C. Dessa forma o objetivo deste estudo foi comparar o padrão de produção de citocinas pró (TNF-, IFN-, IL-6) ou antiinflamatórias (IL-10, IL-13), bem como de outro mediador da resposta imune, o óxido nítrico, de pacientes com UP, antes e após a suplementação com ácido ascórbico. Foram estudados pacientes com UP, subnutridos, com síndrome de RFA e sob terapia nutricional oral ou enteral, alocados aleatoriamente para um Grupo Controle (n=7) ou Grupo Vitamina C (n=6), que recebeu, por via oral ou enteral, 1000mg de ácido ascórbico/dia. Foram realizados antropometria, história alimentar e exames laboratoriais, que incluíam parâmetros hematológicos (hemoglobina, leucócitos, linfócitos totais e VHS) e níveis séricos de proteínas totais, albumina, PCR, α1-glicoproteína ácida, ferro, ferritina e transferrina. Os níveis séricos de vitamina C foram determinados por cromatografia líquida de alta pressão, e os níveis, in vitro, de TNF-α, IFN-γ, IL-6, IL-10, IL-13, por ELISA; e os níveis de NO, por reação colorimétrica de Griess. Os grupos Controle e Vitamina C estavam pareados, respectivamente, em relação à idade (71,7 13,6 vs. 65,3 24,9 anos), proporção gênero masculino:feminino (3:4 vs. 4:2), presença de edema (71,4% vs. 83,3%) e estágio da úlcera de pressão. Os níveis séricos de vitamina C (mg/dl), reduzidos no início, aumentaram gradativamente ao longo do estudo, tanto no grupo Controle (Dia 1: 0,38 0,18; Dia 5: 0,65 0,35; Dia 10: 0,69 0,25; Dia 15: 0,75 0,27) como no grupo Vitamina C (Dia 1: 0,37 0,33; Dia 5: 0,77 0,29; Dia 10: 0,73 0,31; Dia 15: 1,01 0,33), com maiores aumentos para o grupo Vitamina C. No 10 dia de estudo os leucócitos de pacientes do grupo vitamina C produziram menores quantidades de TNF- (97,3 177,2 vs. 760,4 128,3 pg/ml) e IL-6 (103,4 80,7 vs 739,2 327,5 pg/ml) que o grupo controle. Embora os níveis de interleucinas não tenham modificado significativamente ao longo do estudo, observou-se aumento da produção de IL-6 (pós-estímulo com PHA) no grupo Controle do primeiro (4179,1 2519,8 pg/ml) para o décimo quinto dia (10288,0 3634,5 pg/ml) de estudo. Não se observaram mudanças no padrão de produção de IL-10, IL-13 e IFN-γ. O grupo suplementado apresentou redução progressiva dos níveis (mediana, em pg/ml) de NO tanto na estimulação com salina (Dia 1: 15,7; Dia 5: 14,4; Dia 10: 4,4; Dia 15: 4,4) como após adição de LPS (Dia 1: 16,8; Dia 5: 8,5; Dia 10: 3,5; Dia 15: 5,8) ou PHA (Dia 1: 16,8; Dia 5: 5,8; Dia 10: 4,4; Dia 15: 5,3). A suplementação oral ou enteral de 1g de vitamina C/dia para pacientes com UP associou-se à menor produção de citocinas pró-inflamatórias e de óxido nítrico, fato que pode estar ligado a sua ação antioxidante.

ASSUNTO(S)

pressure sores Ácido ascórbico acute phase response Óxido nítrico citocinas anatomia patologica e patologia clinica cytokines resposta de fase aguda ascorbic acid Úlcera de pressão nitric oxide

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