Participação dos purinoceptores nas disfunções cardíacas e autonômicas em animais geneticamente hipertensos / Participation of purinoceptors on the cardiovascular and autonomic dysfunctions in genetically hypertensive animals

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

27/05/2009

RESUMO

O presente estudo investigou em ratos geneticamente hipertensos (SHR) a participação dos purinoceptores P1 e P2 nas disfunções cardíacas e autonômicas na HAS, por métodos farmacológicos (efeito de agonistas e antagonistas seletivos), de biologia molecular (RT-PCR) e eletrofisiológicos (amperometria de vesícula única). Os resultados deste estudo mostraram que: (1) a ADO e seus análogos estáveis (CPA e NECA) produziram um efeito inotrópico e cronotrópico negativo em AD e AE de NWR e SHR, sendo que o bloqueio desses efeitos pelo antagonista seletivo dos receptores A1 (DPCPX), mas não pelo antagonista seletivo dos A2 (ZM 241385) ou dos A3 (MRS 1220), a ordem de potência dos agonistas seletivos dos P1 (CPA >NECA >ADO) e a ausência de efeito do agonista seletivo dos A3 (IB-MECA) indica a participação dos A1 nestas respostas em NWR e SHR, (2) a potência da ADO e de seus análogos (avaliada pelo valor de pD2), mas não a eficácia desses (avaliada pelo valor de Emax), para produzir o efeito inotrópico e cronotrópico negativo foi menor em SHR indicando que a função dos A1 atriais pode estar alterada na HAS, (3) o ATP e seus análogos estáveis (βγ-mATP e αβ-mATP) produziram um efeito inotrópico e cronotrópico negativo (inicial) seguido de um efeito inotrópico positivo (tardio) em AE e AD de NWR e SHR, (4) o bloqueio do efeito inotrópico e cronotrópico negativo do ATP e de seus análogos pelo antagonista seletivo dos A1 (DPCPX), mas não pelos antagonistas seletivos dos P2 (PPADS e Suramin), dos A2 (ZM 241385) e dos A3 (MRS 1220) indica a participação dos A1 nesta resposta em NWR e SHR, (5) a potência do ATP e de seus análogos, mas não a eficácia desses, para produzir o efeito inotrópico e cronotrópico negativo foi menor em SHR reforçando que a função dos A1 atriais pode estar alterada na HAS, (6) o bloqueio do efeito inotrópico positivo do ATP e de seus análogos pelos antagonistas seletivos dos P2X (PPADS e Suramin) e bloqueadores de Cavs tipo L (Nifedipina), mas não pelos antagonistas seletivos dos A1 (DPCPX), dos A2 (ZM 241385) e dos A3 (MRS 1220) indica a participação dos P2X nesta resposta em NWR e SHR, (7) a eficácia do ATP e seus análogos, mas não a potência desses, para produzir o efeito inotrópico positivo foi maior em SHR indicando que a função dos P2X atriais pode estar alterada na HAS, (8) estimulação elétrica (EET) ou farmacológica (DMPP) dos nervos simpáticos cardíacos produziu um efeito inotrópico positivo em AD e AE de NWR e SHR indicando a participação dos neurotransmissores simpáticos (NA e ATP) nesta resposta, (9) o efeito inotrópico positivo produzido pela estimulação dos nervos simpáticos cardíacos (EET eDMPP) foi bloqueado pelo antagonista seletivos dos P2X (PPADS) e dos canais de Na+ neuronais (tetrodotoxina), mas não pelo depletor dos estoques neuronais de NA (reserpina), indicando a participação do ATP liberado pelos nervos simpáticos nesta resposta, (10) o aumento do inotropismo atrial produzido pela estimulação dos nervos simpáticos cardíacos (EET ou DMPP) foi maior em SHR indicando que a função desses nervos pode estar alterada na HAS, (11) os agonistas seletivos dos A1 (CPA) reduziram o efeito inotrópico e cronotrópico positivo produzido pela ativação dos β-adrenoceptores (isoproterenol) em AE e AD de NWR e SHR indicando que os A1 podem atuar na regulação da atividade simpática cardíaca por meio de um antagonismo funcional entre os receptores A1 e os β-adrenérgicos, (12) a redução do efeito inotrópico e cronotrópico positivo mediado pelos β-adrenoceptores foi menor em SHR indicando que a atividade anti-β-adrenérgica dos A1 atriais pode estar atenuada na HAS, (13) o aumento da atividade dos P2X em AE e AD de SHR poderia estar relacionado com a alteração da expressão dos subtipos de P2X atriais na HAS, visto que os estudos de biologia molecular (RT-PCR) para detecção dos mRNA dos subtipos de P2X mostraram que o AD e AE de SHR expressam diferentes subtipos de P2X em relação ao NWR, (15) o AD de SHR expressa somente o mRNA dos P2X4 enquanto o AD de NWR expressa o mRNA dos P2X2, P2X3, P2X4, P2X6 e P2X7, além disso a expressão relativa dos P2X4 foi menor em SHR e ambos não expressam o P , (16) o AE de SHR expressa o mRNA dos P , P2X3, P2X4, P2X6 e P2X7 enquanto o AE de NWR expressa todos estes e adicionalmente P2X2, além disso a expressão relativa dos P2X1 e P2X7 foi maior em SHR, (17) a secreção de catecolaminas induzida por agentes despolarizantes de membrana (KCl) foi maior em CCA de SHR, indicando uma disfunção desta secreção na HAS, (18) esta secreção foi inibida pelo ATP e pelo agonista seletivo dos P2Y 2-MeSATP em NWR e SHR, indicando a participação dos P2Y nesta resposta, porém o efeito inibitório do ATP e do 2-MeSATP sobre a secreção de catecolaminas foi maior em SHR indicando uma disfunção desses receptores na HAS. Em conclusão, os resultados obtidos no presente estudo indicam que as purinas produzidas pelas células cardíacas e catecolaminérgicas (neurônios simpáticos e células cromafins adrenais), em especial o ATP e a ADO, podem desempenhar um papel importante na regulação autonômica da função cardiaca em animais normotensos e hipertensos. Esta ação regulatória das purinas é mediada principalmente pelos receptores P1 (A1) e P2 (P2X) localizados nas células cardíacas atriais e P2 (P2Y) localizados nas células catecolaminérgicas. Entretanto, a função desses receptores parece estar alterada na HAS devido principalmente a alteração de sua expressão e/ou afinidade ou ainda de mecanismos de regulação desses receptores (sinalização intracelular).

ASSUNTO(S)

receptores pureinergicos hipertensão farmacologia

Documentos Relacionados