Processo de socialização da violência na infância e na adolescência : entre práticas e sofrimentos de violência em casa, na rua e na escola

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2011

RESUMO

A presente dissertação teve como objetivo principal compreender o processo de socialização da violência durante a infância e a adolescência. Para isso analisamos as possíveis relações existentes entre práticas e sofrimentos de violências físicas e psicológicas vivenciadas em casa, na rua e na escola em uma população de crianças e adolescentes encaminhados para um serviço público de saúde voltado para o atendimento de casos envolvendo situações de violência na infância e na adolescência. A metodologia do trabalho foi de natureza quantitativa e os dados foram coletados através de questionários fechados cujas perguntas abordavam a percepção e avaliação das crianças e adolescentes em relação às ¿quantidades¿ de violências experimentadas por elas naqueles três espaços sociais. Posteriormente, foi feita a análise estatística dos dados. Esta dissertação gira em torno de três eixos temáticos: 1) o processo de socialização; 2) o fenômeno social da violência e; 3) infância e a adolescência. Para tanto, o trabalho ficou estruturado da seguinte forma: num primeiro momento discorremos acerca da ideia de indivíduos e sociedade no pensamento sociológico e o lugar ocupado pelas crianças durante o desenvolvimento desse pensamento; discutimos também as dimensões biopsicossociais que ajudam a entender como são constituídos os indivíduos e a importância da infância nesta construção, bem como os impactos gerados através de situações de violência durante esse período de vida; na terceira parte descrevemos como ocorre o processo de socialização e quais seus principais aspectos e mecanismos de manutenção; na quarta parte apresentamos o recente campo da Sociologia da Infância e como ela possibilitou a revisão das teorias sociológicas acerca da socialização e do lugar ocupado pelas crianças na sociedade; por fim, discutimos o fenômeno social da violência na infância e adolescência e suas principais manifestações durante essas fases de vida. Ao todo foram questionados 42 crianças e adolescentes do sexo masculino, entre 9 e 14 anos de idade. A média de idade da amostra ficou no período de transição entre a infância e adolescência (11,4 anos; DP = +1,8 anos). Entre outros, encontramos uma média maior de violências sofridas que praticadas. Em relação aos tipos, as violências psicológicas são mais frequentes quando sofridas e as violências físicas as mais frequentes quando praticadas. A escola apareceu como o espaço social onde em média mais as violências são sofridas e praticadas. Ademais, encontramos uma complexa relação entre os sofrimentos e práticas de violências, físicas e psicológicas, que perpassa a casa e a escola. Descobrimos também que existe uma forte e significativa correlação entre sofrimentos e práticas de violências (¿¿= 0,403; p <0,001) e que a primeira explica aproximadamente ¼ da segunda (r= 0,484; r2 = 0,235; p <0,01). Ao especificar segundo os tipos de violências, vimos que a violência psicológica sofrida tem um forte impacto sobre a violência física praticada (r = 0,672; r2 = 0,451; p <0,001). Por fim, o pequeno número da população amostral foi um dos principais fatores que impossibilitaram uma generalização mais assertiva a respeito do fenômeno estudado por nós.

ASSUNTO(S)

sociology of childhood violence socialização childhood violência infância adolescence adolescência adolescence violência doméstica violência escolar sofrimento sociologia da juventude socialization processes

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