Produção oral de alunos ativos e reflexivos no pequeno e no grande grupo em aula de lingua estrangeira : sua atitude em relação ao trabalho em pequeno grupo
AUTOR(ES)
Anabel Deuber
DATA DE PUBLICAÇÃO
1997
RESUMO
As tendências educacionais humanistas, que visam à participação ativa do aluno, à valorização de suas experiências, à comunicação interpessoal - aliadas à teoria dos atos de fala, que apontam para o poder e ação inerentes ao enunciado - foram embasadoras, da chamada abordagem comunicativa de ensino de línguas. Entretanto, a sua implementação é dificultada pelas características próprias do ensino formal e do grande grupo, pela assimetria na relação professor / alunos, pelo padrão rígido de interação nesse contexto, pela pressão de tempo / conteúdo. O pequeno grupo surge como viabilizador de alguns desses princípios defendidos por essa abordagem, que são incompatíveis ao grande grupo da sala de aula. Long e Porter (1985) argumentam que a sua utilização pode aumentar a quantidade e qualidade na fala do aluno, tomar a instrução mais individualizada, promover clima mais positivo e motivador. Com o objetivo de determinar os benefícios do trabalho em pequeno grupo, levou-se em consideração três questões centrais: (a) a participação oral do aluno no pequeno grupo e na classe toda, analisada em três aspectos: quantidade, qualidade e variedade; (b) a atitude do aluno em relação ao trabalho em pequeno grupo e, (c) as diferenças individuais quanto à preferência pela ação ou reflexão que podem favorecer, ou não as questões elencadas nos itens (a) e (b). Os dados, coletados no quarto semestre de um curso de língua inglesa, em uma universidade, serviram aos seguintes propósitos: (1) um questionário para identificar e selecionar, como sujeitos, três alunos com preferências nitidamente voltadas para a ação e, três, para reflexão; (2) observação para identificar as preferências individuais; (3) uma entrevista pessoal e diário mantido pelos alunos para apontar os barreiras lingüísticas e emocionais no processo de aprendizagem e revelar a sua atitude em relação ao trabalho em grupos. Os resultados obtidos confirmam que é, realmente, nos pequenos grupos que os alunos têm participação significativamente maior e mais rica, conforme predito por Long e Porter (1985). Embora o desempenho oral dos alunos ativos tenha predominado, nas duas formações de aula - pequeno ou grande grupo - a distribuição das falas foi muito mais equilibrada nos pequenos grupos. Quanto à atitude dos alunos ao trabalho em grupos, os alunos reflexivos, que praticamente só participam no pequeno grupo, (participaram muito pouco do grande grupo) foram justamente os que manifestaram atitude mais critica e desfavorável. Os alunos ativos confirmaram o argumento de Long e Porter de que o trabalho em pequenos grupos promova clima mais positivo e motivador. Entretanto esse argumento não deve ser generalizado, porque não se aplica a alguns alunos com acentuada preferência pela reflexão. Esses dados, mesmo constituindo uma pequena amostra, apontam para os efeitos adversos de se adotar, qualquer que seja, um método padronizado e imposto a todos, sem distinção e respeito pela diversidade quanto às preferências individuais. A obrigatoriedade de produção oral imediata pode minar as atividades de reflexão e de considerações lingüísticas, importantes para os alunos reflexivos, e a insistência no aspecto social, interativo e pessoal, pode causar constrangimento em alunos que prezam a sua privacidade
ASSUNTO(S)
lingua inglesa - estudo e ensino atos de fala (linguistica) estilo cognitivo
ACESSO AO ARTIGO
http://libdigi.unicamp.br/document/?code=vtls000115235Documentos Relacionados
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