Qualidade ambiental e qualidade de vida nos municípios do Estado do Rio Grande do Sul / Environmental quality and life quality in the cities of the State of the Rio Grande of the Sul

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

O Estado do Rio Grande do Sul aparece nos relatórios da Organização das Nações Unidas (ONU) como um dos estados de melhor nível de desenvolvimento humano do país. No entanto, os indicadores de qualidade ambiental revelam níveis muito baixos para o Estado, indicando fraca associação entre qualidade de vida e qualidade ambiental. Nesse sentido, o objetivo deste trabalho foi identificar as associações entre qualidade ambiental e qualidade de vida no Estado, no ano 2000, considerando-se ainda as diferenças regionais. Pretendeu-se, também, quantificar o nível de qualidade ambiental, bem como elaborar um Índice de Desenvolvimento Humano-Ambiental que considera a qualidade ambiental na representação do nível de desenvolvimento humano para os municípios gaúchos. Como arcabouço teórico, utilizaram-se os modelos da economia circular e sustentável e das externalidades. O procedimento analítico constou das técnicas estatísticas de análise fatorial e análise de cluster, a partir das variáveis selecionadas nos Censos Demográfico, de População e Agropecuário, da FIBGE; e na Fundação Estatística do Estado do Rio Grande do Sul. Os resultados indicaram que as relações de produção, representadas pela urbanização, mapeiam a oferta dos serviços de saneamento, os quais demonstraram relacionar-se, de forma direta, com as condições de saúde. Sem apresentar vocação industrial, no ano 2000 a maioria dos municípios gaúchos foi detentora de baixos índices de potencial poluidor da indústria, essencialmente os municípios da região da Campanha. No entanto, municípios altamente industrializados como Canoas, Caxias do Sul e Porto Alegre apresentaram altos índices de potencial poluidor da indústria. A poluição por fonte industrial, que acompanha a produção industrial do Estado, apresentou associação negativa com a taxa de mortalidade infantil. Salienta-se que nos municípios mais industrializados a população possuidora de elevado padrão de vida pode usufruir de melhor atendimento à saúde, contudo está habitando um meio potencialmente poluído por fonte industrial. Os resultados da associação entre condições econômicas e habitacionais revelaram que a população detentora de maior padrão de vida estava habitando espaços mais densos. A densidade demográfica demonstrou-se associar, de forma negativa, às taxas de mortalidade infantil. Já a qualidade do solo apresentou-se maior nos municípios com menor desenvolvimento econômico, situação que ficou evidente na região da Campanha, que apresentava problemas de erosão com origem nas formas de produção estabelecidas. O fator representativo da composição florestal indicou que apenas 16,58% do território gaúcho era coberto por florestas, e a associação mantida com as condições de saúde humana apresentou-se negativa. A análise das relações entre condições econômicas e qualidade ambiental, através de uma configuração espacial, indicou que as regiões gaúchas com maior nível de renda estavam apresentando baixa qualidade ambiental, situação oposta ocorria com os municípios detentores de menor nível de renda. O nível de qualidade ambiental dos municípios gaúchos estava 45 pontos porcentual abaixo do máximo (100%). O Índice de Desenvolvimento Humano-Ambiental construído e proposto para indicar o nível de desenvolvimento resultou num índice médio igual a 0,25. Dessa maneira, o estudo permitiu concluir que o nível de qualidade ambiental apresentado pelo Estado se constituiu em um redutor do nível de desenvolvimento humano. Assim, conclui-se que a população gaúcha detentora de maiores níveis de renda estava habitando espaços com baixa qualidade ambiental, com relação aos indicadores considerados. Evidencia-se, então, a importância de se considerar a qualidade ambiental na determinação do desenvolvimento humano. Os resultados atingidos reforçam a necessidade de instituições ligadas ao desenvolvimento econômico e social incluírem a variável ambiental em seus modelos de desenvolvimento, visando a um desenvolvimento sustentável.

ASSUNTO(S)

spatial patterns economia dos recursos naturais análise fatorial padrões espaciais life quality qualidade de vida qualidade ambiental factor analysis environmental quality

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