Qualidade de vida relacionada à saúde e sintomas depressivos em pacientes transplantados renais / Health-related quality of life and depressive symptoms in kidney transplant patients

AUTOR(ES)
FONTE

IBICT - Instituto Brasileiro de Informação em Ciência e Tecnologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

16/12/2011

RESUMO

Introdução: Doença Renal Crônica (DRC) consiste, principalmente, na redução da capacidade dos rins em filtrar substâncias tóxicas, acarretando alterações metabólicas e hormonais. Em fases terminais, a terapia renal substitutiva (TRS) torna-se necessária, e o transplante renal tem sido relatado como a melhor opção terapêutica e de reabilitação para pacientes com DRC. Entretanto a DRC e o transplante renal podem afetar a qualidade de vida relacionada à saúde (QVRS) desses pacientes, podendo ser influenciada por aspectos da saúde física e mental, tais como os sintomas depressivos (SDs). Objetivos: Caracterizar os pacientes com DRC, após transplante renal, em um município do estado de São Paulo quanto aos aspectos sociodemográficos, econômicos e clínicos; descrever a QVRS e os SDs; correlacionar a QVRS e os fatores sociodemográficos, econômicos e clínicos; comparar a QVRS, segundo as dimensões do SF-36, entre os pacientes sem e com SDs e correlacionar a QVRS com os SDs. Material e Método: Trata-se de um estudo transversal, de natureza quantitativa, que incluiu pacientes que realizaram transplante renal entre 6 e 24 meses retroativos da data de início da coleta de dados, maiores de 18 anos e faziam acompanhamento no ambulatório de Transplante Renal do HCFMRP-USP, na cidade de Ribeirão Preto-SP. Foram excluídos os pacientes que apresentavam instabilidade clínica, o que totalizou a inclusão de 60 pacientes no estudo. Os instrumentos utilizados foram: instrumento para caracterização dos participantes, o qual foi adequado ao estudo e submetido à avaliação de conteúdo, Medical OutcomesStudy (MOS SF-36) para avaliação da QVRS e o Inventário de Depressão de Beck (IDB) para avaliar os SDs. Os dados foram obtidos por meio de entrevista individual com o paciente e de consulta ao prontuário. A coleta de dados ocorreu de abril a agosto de 2011. O projeto foi aprovado pelo Comitê de Ética em Pesquisa da Escola de Enfermagem de Ribeirão Preto - Universidade de São Paulo. A análise dos dados constou da análise estatística descritiva; coeficiente de correlação de Pearson (r) para verificar a correlação entre os domínios do SF-36 com o escore total do IBD; análise de variância (ANOVA) para comparar os domínios do SF-36, nos grupos com ausência e com presença de SD; Teste Exato de Fisher para verificar a associação entre as variáveis qualitativas relacionadas ao escore de IDB e às diversas variáveis independentes, além disso, a quantificação da associação foi mensurada por meio de modelos de regressão logística na qual calculamos o OddsRatio Bruto com seus respectivos intervalos de confiança de 95%. Todas as análises estatísticas foram realizadas com a utilização do software estatístico SAS® 9.0. Valores de p menores que 0,05 foram considerados significativos. Resultados: Dos 60 pacientes, 51 eram adultos e 9 idosos; 41 eram homens e 19 eram mulheres. Os domínios do SF-36 que obtiveram menores escores médios foram: aspectos físicos (59,58), capacidade funcional (64,67) e vitalidade (71,42), e os que obtiveram maiores escores médios foram: aspectos sociais (79,79), dor (78,12) e aspectos emocionais (75,56). Quanto aos escores do IDB, 43 pacientes apresentaram ausência de SDs, 12 apresentaram disforia e 5 apresentaram SDs classificados entre leves e moderados. Não possuir trabalho aumentou a chance em 7,7 vezes de ter SDs que ter trabalho. Os pacientes com ausência de SDs apresentaram escores médios mais elevados nos domínios do SF-36, refletindo melhor QVRS, quando comparados aos pacientes com algum grau de SDs, com notória diferença na comparação (p<0,05). Encontramos correlações negativas entre os domínios do SF-36 e os escores do IDB, ou seja, à medida que aumentaram os escores de SDs, decresceram os escores médios nos domínios de QVRS. Tais correlações apresentaram p valor <0,05, exceto para o domínio estado geral de saúde. Conclusão: A presença de SDs se relacionou negativamente com a QVRS dos pacientes transplantados renais, evidenciando a necessidade de incluir a avaliação dos sintomas depressivos e respectivos atendimentos das alterações quando identificadas, na prática clínica que engloba a atuação do enfermeiro, para otimizar a QVRS desses pacientes.

ASSUNTO(S)

chronic kidney disease depressão depression doença renal crônica health-related quality of life kidney transplantation qualidade de vida relacionada à saúde transplante de rim

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