RELAÇÕES DE DISTÂNCIA E DE COMPLEXIDADE ENTRE TRAÇOS DISTINTIVOS NA GENERALIZAÇÃO EM TERAPIA DE DESVIOS FONOLÓGICOS

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este estudo teve por objetivo geral verificar as generalizações obtidas por crianças com desvios fonológicos, submetidas a um tratamento delineado segundo o modelo ABAB Retirada e Provas Múltiplas, de Tyler &Figurski (1994), tomando-se, como parâmetro de análise, as relações de distância e de complexidade entre traços distintivos identificadas entre o(s) segmento(s)-alvo utilizado(s) na terapia e entre o(s) segmento(s) ausente(s) no sistema da criança. Esses dois tipos de relações entre traços levaram ao emprego, nesta pesquisa, de dois modelos terapêuticos: (a) o MICT Modelo Implicacional de Complexidade de Traços, proposto por (MOTA, 1996) e (b) o MOTIDT Modelo Terapêutico Implicacional de Distância entre Traços, que está sendo proposto no presente estudo. Ambos os modelos terapêuticos têm como pressuposto que o tratamento a partir de um segmento-alvo que apresente uma estrutura interna com configuração de traços complexa possibilita a sua aquisição e a generalização, fazendo emergirem segmentos com estrutura interna e configuração de traços considerada menos complexa. O que difere fundamentalmente as duas propostas terapêuticas é o critério para a escolha do segmentoalvo da terapia e a expectativa de generalização. No MICT, a escolha do(s) segmento(s)- alvo(s) deriva das relações de complexidade estabelecidas pelas coocorrências entre os traços. Os caminhos percorridos pelas crianças, para o incremento de complexidade durante a aquisição fonológica com desvio, seguem leis implicacionais existentes entre os traços marcados, como descrito no modelo. No MOTIDT, a escolha do(s) segmento(s)- alvo(s) é determinada com base nas distâncias entre os traços que integram a sua estrutura e a estrutura do(s) segmento(s) ausente(s) no sistema da criança. Essa distância foi determinada a partir da geometria de traços proposta por Clements &Hume (1995). A amostra deste trabalho foi composta por seis sujeitos com desvios fonológicos, os quais foram divididos em pares, seguindo-se o critério de grau de equivalência em se considerando a severidade do desvio, constituindo-se, assim, três pares de sujeitos na investigação. Inicialmente os dados foram coletados, segundo a proposta de Tyler &Figurski (1994), em que duas sessões são destinadas para a aplicação do Instrumento de Avaliação Fonológica da Criança (Yavas, Matzenauer-Hernandorena &Lamprecht, 1991) e uma sessão é reservada para a coleta de fala espontânea. Após, foram transcritos e submetidos a uma análise contrastiva, a uma análise através do modelo teórico da Fonologia Autossegmental (Clements &Hume, 1995) e a uma análise através dos dois modelos terapêuticos utilizados no estudo: o MICT e o MOTIDT. O MOTIDT, pelos dados dos sujeitos aqui estudados, mostrou que também pode ser mais uma opção de modelo terapêutico para a prática clínica dos desvios fonológicos. As generalizações ocorridas nos sistemas fonológicos dos sujeitos tratados por esse modelo terapêutico tornaram a duração do tratamento fonoaudiológico reduzida, uma vez que os sujeitos transferiram a aprendizagem dos segmentos-alvo de forma mais rápida e abrangente, quando comparados aos sujeitos tratados através do MICT. Acredita-se que haja ainda muitos pontos a serem explorados e comprovados ou não, com um número maior de sujeitos.

ASSUNTO(S)

desvio fonológico phonological deviations linguistica aplicada terapia com base fonológica phonological-based therapy generalização. generalization

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