Relation between dietary calcium intake with obesity and metabolic alterations in post-pubertal adolescents. / "Relação da ingestão de cálcio com a obesidade e alterações metabólicas em adolescentes pós-púberes"

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Introdução: Dentre as inúmeras contribuições nutricionais para a obesidade, alguns estudos evidenciam o cálcio dietético como um fator negativamente relacionado com o Índice de Massa Corporal. Ensaios clínicos e experimentais demonstraram que o mecanismo provável é a maior disponibilidade do cálcio intracelular capaz de promover aumento da lipogênese, inibição da lipólise e hiperinsulinemia. Devido a escassez de dados semelhantes em adolescentes, o presente trabalho avaliou a relação do cálcio com a obesidade nesta população. Métodos: Estudo caso-controle e transversal, envolvendo adolescentes eutróficos (GE) e obesos (GO). Os participantes foram submetidos à avaliação antropométrica (peso e estatura), avaliação da composição corporal (DXA), avaliação bioquímica, incluindo perfil lipídico, glicemia de jejum, insulina e dosagem dos hormônios grelina e leptina (apenas nos obesos) e avaliação alimentar (registro de três dias). A resistência à insulina foi estimada por meio do HOMA-IR. A análise estatística constou de teste t Student, correlação de Pearson, Qui-Quadrado, teste exato de Fisher, ANOVA e Odds Ratio. A ingestão de cálcio foi ajustada pelo consumo energético da dieta por meio do método de nutriente residual. Resultados: Foram avaliados 96 adolescentes, pareados por sexo e idade (16,6±1,3 anos), sendo 47 do GE e 49 do GO. A média de ingestão de energia e macronutrientes foi semelhante entre os grupos. A ingestão de cálcio ajustado foi estatisticamente superior no GE (692,1±199,5mg vs 585,2±249,9 no GO; p=0,02). Verificou-se redução significativa da gordura corporal, da gordura do tronco e da gordura periférica com o aumento dos quartis de ingestão de cálcio. Além disso houve diferença estatisticamente significante entre o primeiro e o último quartil de cálcio com relação a glicemia e insulina. Em relação aos grupos de estudo verificou-se dentre os obesos, associação inversa da ingestão de cálcio ajustado com a gordura do tronco (r=-0,287; p=0,046), com a concentração de insulina (r=-0,360; p=0,01), com os níveis do HOMA-IR (r=-0,365; p=0,01) e com a concentração de leptina (r=-0,345; p=0,02). Não houve relação da ingestão de cálcio com a antropometria e composição corporal ou parâmetros bioquímicos no GE. Destaca-se que as adolescentes no maior quartil de ingestão de cálcio apresentavam uma significativa redução da chance de obesidade quando comparadas aquelas no primeiro quartil (OR=0,13; IC95%=0,02-0,78; p=0,01). Não houve proteção à adiposidade pela ingestão de cálcio entre os meninos. Conclusão: O estudo demonstrou que a ingestão de cálcio foi um fator envolvido na obesidade e na resistência à insulina dos adolescentes pós-púberes, e que houve proteção à adiposidade pela maior ingestão de cálcio entre as meninas. Estes resultados demonstram que o consumo de alimentos fontes desse mineral durante este estágio de vida deve ser incentivado.

ASSUNTO(S)

insulin resistance obesity resistência à insulina adolescents cálcio obesidade adolescentes calcium intake

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