Relatos sobre o Jongo: Reflexões e episódios de um pesquisador negro

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2006

RESUMO

Este é um estudo sobre representações existentes em diferentes relatos sobre o Jongo e relação destas com uma série de experiências de iniciação de um pesquisador negro. Apresenta-se o Jongo enquanto arte, enquanto projeto social, enquanto patrimônio cultural, e como ferramenta de valorização da identidade negra. Os conflitos de interesse e o choque entre as diferentes (até absolutamente excludentes) representações e leituras do Jongo, não encontram resposta adequada no reconhecimento legal como patrimônio nacional nas condições atuais. Os mecanismos de registro oficial das manifestações da cultura popular e o seu procedimento legal estão comprometidos com um discurso antropológico que qualifica ao seu modo, de forma parcial e interessada, essas formas de saber, seu meio de origem e s atores envolvidos. A imposição de um valor nacional a uma expressão cultural local identificada com famílias negras de uma comunidade específica determina uma contradição nesta tradução que retira dos mantenedores a autoridade sobre os parâmetros de preservação de sua cultura e identidade. É crítico o lugar do pesquisador negro no contato antropológico e na relação com a comunidade, já que as relações interétnicas na antropologia brasileira permanecem sendo predominantemente frutos do contato entre pesquisadores brancos e populações nãobrancas. Mostra-se necessário tanto ampliar a experiência etnográfica que norteia a antropologia brasileira quanto alterar o foco na proposição de políticas de patrimônio cultural voltadas para a população negra garantindo a autonomia e controle social em seus processos de gestão. O país da elite branca ganha com o reconhecimento do Jongo, mas nenhuma contrapartida real foi estabelecida para os jongueiros ou para a população negra até o momento.

ASSUNTO(S)

antropologia das populacoes afro-brasileiras jongo politicas úblicas identidade negra patrimônio cultural

Documentos Relacionados