Retratos de jovens: uma aproximação da violência vivida por jovens de Diadema / Younosters portraits: a studv concerning violence experienced bv voungsters in Diadema city

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2003

RESUMO

Esta pesquisa tem por objetivo apreender os significados sociais e os sentidos pessoais que jovens pertencentes às classes populares da cidade de Diadema atribuem à violência. O referencial teórico-metodológico utilizado é o da Psicologia Sócio-Histórica que se fundamenta em Vigotski (1999) e na epistemologia qualitativa proposta por González Rey (1999). Nesta perspectiva, a pesquisa busca construir um conhecimento que penetre nas zonas de sentido ocultas à aparência, desenvolvendo um processo interativo que ressalta a importância das relações entre todos os sujeitos que intervêm na investigação, desde as do pesquisador-pesquisado até as dos sujeitos investigados entre si. Além disso, defende que o conhecimento científico não se legitima pela quantidade de sujeitos estudados, mas pela sua singularidade e sua qualidade de expressão. A legitimação do conhecimento é dada pela capacidade explicativa dos processos constitutivos do fenômeno pesquisado. Partimos da análise de uma peça teatral, criada e produzida por um grupo de jovens do município de Diadema, na região metropolitana de São Paulo. A opção pela peça deu-se por seu conteúdo, que retrata o cotidiano e a violência vivida pelos jovens na periferia, e pela forma como foi produzida: os próprios jovens construíram coletivamente o enredo, os personagens e seus diálogos. A partir da peça, realizamos entrevistas com dois jovens do grupo. Em nossas entrevistas procuramos aprofundar a reflexão desses jovens sobre a peça produzida, esclarecer alguns pontos que pudessem desvelar o significado e o sentido atribuído à violência vivida. De forma geral, constatamos que a violência permeia a vida desses jovens, mas os sentidos a ela atribuídos são pessoais e variam de acordo com as situações vividas. Num primeiro momento, instituem a morte como significado social da violência vivida. Desenvolvem uma tolerância à violência, o que faz com que se anestesiem e deixem de perceber muitas situações como violentas. Neste estudo evidenciaram-se os seguintes significados sociais: o apelo ao consumo, a desigualdade social, a desigualdade entre os gêneros e as dificuldades socioeconômicas como geradores de violência; a saída de casa, a opção pelo crime, o envolvimento com as drogas como meios para adquirirem poder e serem reconhecidos como sujeitos; a fragilidade das relações afetivas, o conflito entre valores morais, o estigma social e a vivência do medo como conseqüências da violência. Embora os sentidos da violência sejam diferenciados para cada pessoa, há uma base afetivo-volitiva comum a esses jovens: a necessidade de se sentirem reconhecidos e valorizados enquanto sujeitos potentes. A violência pode ser entendida como a linguagem que utilizam para denunciar a situação vivida e indicar a necessidade de transformação social. Esses jovens demonstram, que apesar de reproduzirem a violência vivida em seus relacionamentos e em suas expressões, utilizam a criatividade para se recriar e transformara violência vivida em potência de ação

ASSUNTO(S)

sentidos pessoais significados sociais juventude e violencia psicologia social

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