Síndrome do excesso aparente de mineralocorticóides: uma revisão

AUTOR(ES)
FONTE

Arquivos Brasileiros de Endocrinologia & Metabologia

DATA DE PUBLICAÇÃO

2004-10

RESUMO

A síndrome do excesso aparente de mineralocorticóides (SEAM) resulta de defeito na 11beta-hidroxisteróide desidrogenase tipo 2 (11beta-HSD2). Esta enzima é co-expressa com o receptor mineralocorticóide (RM) nos rins e converte cortisol (F) em cortisona (E), seu metabólito inativo. Deficiência desta enzima permite que o cortisol não metabolizado se ligue ao RM, induzindo retenção de sódio, hipocalemia, supressão da APR e hipertensão. Mutações no gene que codifica a 11beta-HSD2 são responsáveis pela forma herdada, mas um quadro clínico semelhante de SEAM ocorre durante ingestão dos bioflavonóides, alcaçuz e carbenoxolona, que são inibidores competitivos da 11beta-HSD2. Redução na atividade da 11beta-HSD2 pode explicar o aumento da retenção de sódio na pré-eclâmpsia, na doença renal e na cirrose hepática. Deficiência relativa de atividade da 11beta-HSD2 pode ocorrer na síndrome de Cushing devido à saturação da enzima e explicar o estado de excesso mineralocorticóide que caracteriza a síndrome do ACTH ectópico. Redução da expressão placentária da 11beta-HSD2 poderia justificar a ligação entre baixo peso ao nascer e hipertensão no adulto. Variabilidade polimórfica no gene HSD11B2 determina, em parte, a sensibilidade ao sódio, um preditor do surgimento da hipertensão no adulto. A SEAM representa um espectro de hipertensão mineralocorticóide cuja severidade reflete o defeito genético de base na 11beta-HSD2; embora a SEAM seja uma doença genética, vários compostos exógenos podem provocar os sintomas pela inibição da 11beta-HSD2. O excesso de substrato, visto na síndrome de Cushing e na produção ectópica de ACTH, pode sobrepujar a capacidade da 11beta-HSD2 de converter F em E, levando a uma forma adquirida de SEAM.

ASSUNTO(S)

hipertensão 11beta-hsd2 síndrome do eam cortisol cortisona

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