Sistemas de polinização em fragmentos de Cerrado na região do Alto Taquari (GO, MS, MT).

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2005

RESUMO

O Domínio do Cerrado ocupava originalmente cerca de 23% do território brasileiro (aproximadamente 2 milhões de km2), especialmente no Planalto Central, sendo a segunda maior província fitogeográfica do Brasil. A vegetação de cerrado não é uniforme na sua fisionomia, variando desde campo limpo a cerradão, mas a maior parte das fisionomias se enquadra na definição de savana. É estimado que ocorra de 3.000 a 7.000 espécies de plantas vasculares nesse tipo de vegetação, das quais de 1.000 a 2.000 espécies pertencem ao componente arbustivoarbóreo. Diferentes autores tentaram usar características reprodutivas para explicar os padrões gerais de diversidade e estrutura de comunidade encontrados em florestas tropicais, com a idéia de que a diversidade das plantas e a distribuição espacial são dependentes de processos reprodutivos. Estudos na biologia reprodutiva de espécies de planta de cerrado mostraram uma grande diversidade de sistemas de polinização, semelhantes àqueles encontrados em florestas neotropicais. Os dados que emergem para a biologia reprodutiva de plantas têm conseqüências importantes para conservação e entendimento da organização das comunidades de cerrado. Amostramos cinco fragmentos de cerrado sensu stricto no Planalto Central brasileiro, em que amostramos os indivíduos arbustivo-arbóreos. Usando os dados florísticos de todas as nossas coletas, nós amostramos 2.280 indivíduos, representando 121 espécies e 38 famílias. As famílias mais ricas foram Fabaceae e Myrtaceae, sendo Davilla elliptica A. St-Hill e Myrcia bella Triana as espécies mais bem representadas. A maioria das espécies apresentou flores abertas, com antese diurna, cores claras e pólen como recompensa floral. Na vegetação de cerrado, as espécies com flores visitadas principalmente por abelhas e também pelos insetos pequenos formaram os principais grupos ecologicamente relacionados com a polinização. Das 121 espécies, 65 foram polinizadas principalmente por abelhas; 30 por insetos pequenos; 15 por mariposas; cinco por morcegos; três por besouros; dois por beija-flores e um pelo vento. A análise de ordenação dos caracteres florais e das espécies vegetais mostrou que houve um agrupamento entre espécies com alguns sistemas de polinização, para os quais inferências baseadas em caracteres florais são recomendadas, como as espécies polinizadas por morcegos, mariposas e aves. Já com relação às espécies polinizadas principalmente por abelhas e insetos pequenos, essas inferências baseadas em caracteres florais não são recomendadas devido à grande dispersão e sobreposição entre essas duas classes. A grande dispersão e sobreposição das classes de abelhas e insetos pequenos ocorreram provavelmente devido à ausência de especificidade nas relações planta-polinizador. Para quatro dos cinco sistemas de polinização com pelo menos dez indivíduos, nós não encontramos nenhuma variação significativa em relação à distância da borda do fragmento, exceto para as plantas polinizadas por besouros, para as quais houve uma diminuição na freqüência em direção ao interior do fragmento. De maneira semelhante, encontramos variação significativa em relação à altura somente para plantas polinizadas por morcegos, para as quais houve um aumento da freqüência com a altura das árvores. Em geral, não encontramos variações horizontais e verticais nos sistemas de polinização, ao contrário do que foi encontrado em florestas, provavelmente, como conseqüência da fisionomia mais aberta dos fragmentos de cerrado.

ASSUNTO(S)

ecologia de ecossistemas cerrado stratification cerrados floral traits distribuição espacial principal components analysis polinização pollination central brazil spatial distribution

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