Status epilepticus neonatal leva a prejuízos na interação social de maneira gênero-dependente: novo modelo animal para investigação dos mecanismos neurobiológicos envolvidos com o transtorno do espectro autista?

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2010

RESUMO

Os Transtornos do Espectro Autista (TEA) são condições que afetam o desenvolvimento cerebral prejudicando a interação social recíproca, a comunicação verbal e não verbal e são acompanhados por comportamentos repetitivos e padrões anormais de interesses e atividades. Apesar da riqueza dos dados obtidos a partir da história dos pacientes, dos exames de neuroimagem, dos estudos genéticos e moleculares, a patogênese do TEA permanece mal compreendida. Modelos animais têm propiciado a ampliação do conhecimento acerca da neurobiologia dos TEA. O Status epilepticus (SE), uma condição aguda caracterizada por convulsões repetitivas ou prolongada, é uma emergência clínica que ocorre mais frequentemente em crianças que em adultos, e em 40-50% dos casos em crianças com idade inferior a dois anos. Estudos clínicos e experimentais indicam que embora o SE produza menos danos estruturais no cérebro imaturo que no cérebro adulto, SE em neonatos leva a prejuízos na aprendizagem, memória, sequelas emocionais na idade adulta, alteração da circuitaria GABAérgica hipocampal e intracortical, e redução dos níveis de dopamina no córtex pré-frontal. Este trabalho teve como objetivo avaliar se o SE em ratos neonatos de ambos os gêneros produz prejuízos na interação social, na cognição e no comportamento exploratório. Ratos wistar de ambos os gêneros com nove dias pós-natal (PN9) receberam injeção intraperitoneal de pilocarpina (380 mg/kg). Animais controles receberam solução salina. Os comportamentos sociais e exploratórios foram avaliados entre PN30-PN35, empregando-se o paradigma de observação por pares. O desempenho cognitivo foi avaliado empregando-se a caixa de Skinner, quantificando-se o número de sessões para aquisição do comportamento de pressão à barra. Os resultados mostraram que o SE no cérebro em desenvolvimento alterou a sociabilidade, a cognição e o comportamento exploratório. Os prejuízos na interação social foram gênero-dependentes, afetando predominantemente os machos. O comportamento exploratório foi reduzido em ambos os gêneros, no entanto, as fêmeas parecem ter sido mais afetadas, desde que paralelamente observou-se aumentou do selfgrooming. Ambos os comportamentos são afetados pela emocionalidade e pelo contexto ambiental, sugerindo que o SE afetou mais severamente a emocionalidade das fêmeas. Os prejuízos cognitivos foram igualmente observados em ambos os gêneros. Baseando-se nestas evidências, sugerimos que este modelo pode ser utilizado para explorar mecanismos neurobiológicos do TEA.

ASSUNTO(S)

asd animal model status epilepticus gênero gender social impairment tea status epilepticus modelo animal prejuízo na interação social psicologia

Documentos Relacionados