Sustentabilidade de sistemas de produção de olerícolas sob manejo orgânico em unidades familiares, na Região Serrana Fluminense. 2009. / Sustainability of horticultural organic production systems in familiar farms of Rio de Janeiro state.

AUTOR(ES)
DATA DE PUBLICAÇÃO

2009

RESUMO

Avaliou-se a sustentabilidade de cinco sistemas de produção de olerícolas sob manejo orgânico, em unidades familiares, na região Serrana do estado do Rio de Janeiro, nos municípios de Petrópolis e São José do Vale do Rio Preto, empregando-se os guias metodológicos: (i) reconstituição histórica dos sistemas agrários; (ii) IDEA (Indicateurs de Durabilité des Exploitations Agricoles); (iii) balanço de nutrientes; e (iv) análise emergética. Os objetivos foram: (i) reunir informações históricas capazes de explicar a evolução dos agroecossistemas; (ii) adaptar, quando necessário, os indicadores econômicos, sociais e ambientais à realidade local; (iii) realizar balanço parcial de nutrientes (S= Entradas Saídas, respectivamente, via fertilização e exportação pelos produtos comercializados); e, (iv) expressar os recursos ambientais e econômicos usados nos sistemas de produção em uma base única, emjoules (seJ), para determinar o índice de sustentabilidade emergética. O levantamento dos dados foi realizado por meio de informações fornecidas pelos agricultores e outros informantes privilegiados, documentos, amostragens de campo e o monitoramento das unidades de produção de janeiro a dezembro de 2008. A história da olericultura orgânica fluminense mostrou que a evolução dos agroecossistemas depende do fortalecimento do associativismo envolvendo agricultores e consumidores. A análise das dimensões agroambiental, sócio-territorial e econômica, através do método IDEA, destacou o eixo econômico como limitante da sustentabilidade; entretanto, o sistema de produção e comercialização em cadeias curtas apresentou renda agrícola monetária de 2,69 salários mínimos por trabalhador (sistema 1). Por outro lado, a viabilidade dos sistemas de produção em cadeias longas (sistemas 2, 3, 4 e 5) não se explica apenas através da renda agrícola monetária, que é complementada pelas rendas não-agrícolas e o auto-consumo. O balanço parcial de nutrientes indicou que os sistemas 1, 2, 3 e 5 apresentaram resultados positivos para os nutrientes monitorados (N, P, K, Ca e Mg) e o sistema 4 apresentou déficit relativamente baixo de N (- 12 kg. ha-1 ano-1); entretanto, os solos desta unidade apresentaram nível médio de matéria orgânica (C = 11,9 g.kg-1) e teor de N total de 1,4 g.kg-1. Conjectura-se, portanto, que a dinâmica de mineralização da matéria orgânica do solo seja capaz de suprir o déficit de N. Ademais, as unidades estudadas apresentaram melhorias na fertilidade química do solo sob os manejos orgânicos adotados, considerando os solos das matas do entorno como referências. Apesar dos sistemas de produção suportarem certo déficit anual de nutrientes, as entradas devem ser monitoradas e, oportunamente, aumentados os suprimentos. A análise emergética mostrou que a energia usada, ou a emergia total, variou de 1,72 a 6,24 E+17 seJ.ha-1ano-1; a transformidade de 6,72E+06 a 3,14E+07 seJ/J; a renovabilidade de 60 a 85%; e o índice de sustentabilidade emergética (ESI) de 3,54 até 39,71. Embora o ESI tenha variado expressivamente, os resultados revelaram que os agroecossistemas avaliados contribuem para o crescimento econômico sem perturbação grave no equilíbrio ambiental; todavia, as estratégias de desenvolvimento destes sistemas, incluso a comercialização, devem restringir a proporção dos investimentos em recursos não renováveis. Desta forma, os métodos aplicados permitiram mensurar a sustentabilidade dos agroecossistemas estudados, a partir de abordagens complementares.

ASSUNTO(S)

sustentabilidade agricultura familiar olericultura orgânica. agronomia sustainability family farms horticultural organic production systems.

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