ALINE FERNANDES VASCONCELOS DE ABREU
2012O trabalho proposto visa interpretar, por meio de uma abordagem sociológica, o processo pelo qual os movimentos sociais envolveram-se nas políticas internacionais de controle de armamentos e foram capazes de construir uma nova interpretação das minas terrestres. Percebe-se que a participação desses novos atores em temas da política internacional que tradicionalmente são vistos como exclusivos ao debate estatal tem se intensificado desde a década de 1990. A fim de acompanhar essa mudança e discutir a contribuição que a variedade de atores traz à política internacional, este trabalho recupera autores das ciências sociais para explicar as relações internacionais como relações sociais. Assim, a partir do trabalho de Anthony Giddens, Erving Goffman, David Snow e Robert Benford pressupõem-se a existência de atores que agem reflexivamente a partir do Esquema de Interpretação da realidade (frame), como os movimentos sociais, os quais são capazes de gerar Esquemas de Interpretação coletivos. Ao produzirem e trocarem informações distintas através de redes transnacionais, esses movimentos se mostram capazes de criar novos recortes e novas percepções da realidade a partir da consideração de seus objetivos. No que tange à proibição das minas terrestres, percebe-se que esse novo recorte priorizou aspectos humanitários desse armamento, vinculando ao longo do processo uma conotação de injustiça ao uso e posteriormente à existência das minas terrestres. Ademais, fica clara a relevância que a busca por apoio às campanhas pelo banimento das minas terrestres teve na construção desse novo Esquema de Interpretação, constrangendo de várias formas a formulação da nova interpretação das minas.