Unidade e fragmentação: o movimento separatista do triângulo mineiro

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DATA DE PUBLICAÇÃO

1997

RESUMO

Nosso objeto de estudo foi o movimento separatista do Triângulo Mineiro, articulado em 1988. "Minas faz a síntese do Brasil", não no sentido atribuído pela mineiridade, mas a partir das contradições intrínsecas às relações sociais que a constituem. A estas não são estranhas as contradições engendradas pelo capitalismo. E, se esta unidade da Federação faz a "síntese" do país, não haveria a possibilidade de verificar, a partir da análise de um movimento que tende a cindi-la, quais processos "nacionais" são absorvidos e (re)produzidos por ela? O movimento separatista "triangulino" de 1988 possui algumas similaridades com aqueles que objetivam a criação de "Estados Nacionais": a afirmação de uma identidade com base no território, na antigüidade histórica do movimento e na vontade popular. Todavia, ele ocorre dentro de um Estado nacionalmente constituído e, justamente, naquela unidade federativa que se auto-proclama "geratriz", "equilíbrio entre os extremos", "berço cívico da brasilidade". Dentre os "regionalismos" brasileiros, o "tipo mineiro" ocupa uma posição privilegiada: seu "mito de formação" confunde-se com a "história nacional"; há uma disseminação de seu universo cultural pelo país, fazendo com que aquele tipo adquira uma singularidade que se reconhece e é reconhecida pelos outros; por fim, os "mineiros" se consideram portadores do "equilíbrio político", fundamental à Federação. Entretanto, os "triangulinos" farão uma tentativa de criar nova identidade, a partir de uma negação-incorporação da mineiridade, onde o "gosto pelo moderno" e o "horizonte largo" se opõem à "opressão da montanha" e ao "conservadorismo". Porém, ambas as campanhas, "mineira" e "triangulina", foram articuladas pelas elites locais, apesar da aparente "vontade popular". Diante das transformações atuais do capitalismo, "comunidades imaginadas" estabelecidas são colocadas em questão, surgindo novos desafios àqueles que propõem a integridade territorial -e sua manutenção - como base de uma identidade. É neste contexto que analisamos a "questão triangulina"

ASSUNTO(S)

ciencias sociais aplicadas identidade regional emancipacao minas gerais -- politica e governo

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