Valor lateralizatorio do EEG interictal na avaliação pre-cirurgica de crianças com epilepsia do lobo temporal

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DATA DE PUBLICAÇÃO

2002

RESUMO

O registro eletrencefalográfico interictal seriado em adultos com ELT contribui para lateralização do foco epileptogênico. EEG interictais com descargas epileptiformes unilaterais concordantes com dados clínicos e de neuroimagem podem tornar a monitorização vídeo-EEG desnecessária, embora o registro vídeo-EEG seja considerado o padrão ouro na localização da zona epileptogênica. Neste estudo foram analisados 36 pacientes de dois a 18 anos com ELT refratária que realizaram no mínimo quatro EEG interictais seriados. Foram subdivididos em dois grupos de acordo com a realização ou não de vídeo-EEG. O grupo 1 é constituído por 11 pacientes que foram submetidos à monitorização vídeo-EEG e o grupo 2 contém os demais pacientes (25) que só realizaram EEG interictais por estarem temporariamente com controle das crises. O quadro clínico-eletrencefalográfico foi analisado de acordo com a faixa etária, seis pacientes com idade menor ou igual a seis anos (grupo A) e 30 pacientes maiores de seis anos (grupo B). Crises parciais estiveram presentes em todas as faixas etárias, porém no grupo A, obtivemos uma maior freqüência de crises generalizadas, inclusive mioclonias. Análise de neuroimagem foi fundamental neste estudo e foram encontradas diversas etiologias (tumores de baixo grau, esclerose mesial temporal - EMT, esclerose tuberosa e displasia cortical focal). A presença de dupla-patologia (EMT com displasia cortical ou lesão tumoral teve alta freqüência nesta casuística (16,6%). Os EEG interictais seriados não mostraram diferenças significativas de acordo com a faixa etária, porém, ao compará-los com os registros em adultos com ELT notamos a presença de maior quantidade de atividade epileptiforme extratemporal e/ou generalizada e um número reduzido de pacientes com atividade epileptiforme contralateral à zona epileptogênica. O vídeo-EEG foi capaz de lateralizar e localizar a zona epileptogênica em 72,7% (oito/onze pacientes) enquanto que com EEG interictais isto foi possível em 63,6% (sete/onze pacientes) do grupo 1. Neste trabalho, apesar de não haver diferença estatística na comparação dos EEG interictais seriados com o vídeo-EEG, quanto à lateralização e localização do foco epileptogênico consideramos que ambos são necessários para a conclusão neurofisiológica e a indicação do procedimento cirúrgico. Portanto, o EEG interictal seriado é importante, podendo ser suficiente para indicação do procedimento cirúrgico em determinados casos

ASSUNTO(S)

eletroencefalografia epilepsia cirurgia crianças

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